domingo, 29 de novembro de 2015

Turquia cutuca Rússia com vara curta, com que objetivo?


Há algumas semanas comentei quão frágil era a união pontual formada no encontro de cúpula em Genebra, para salvar (o que puder ser salvo) da Síria, por causa dos interesses nacionais e pessoais dos participantes. Demorou pouco para a Turquia demonstrar minha teoria da aliança circunstancial de incompatibilidades.
Vou ilustrar este artigo com opiniões e vídeos do jornal Pravda e da Russia Television, para você ter a versão russa além da da grande mídia.
Mesmo Ankara tendo direito territorial de derrubar avião estrangeiro que entre em seu espaço aéreo, Recep Tayyip Erdogan fez uma besteira. Resta saber em nome de quem; do Daesh/Estado Islâmico ou dos EUA?
Desde que a Rússia começou a cooperar com a coalizão da OTAN, seus militares fornecem a seus novos aliados coordenadas detalhadas de suas manobras, inclusive do avião que foi derrubado. Foi por isso que Putin questionou o que/quem estava por trás dessa agressão desnecessária: "Why did we pass this information to the Americans? Either they were not controlling what their allies were doing, or they are leaking this information all over the place.
É difícil acreditar que um paisinho (em tamanho e potência militar) que se encontra no olho do furação ouse cutucar o urso russo com vara curta apenas para se dar ares de potência. Sem contar que 17 segundos é tempo curtíssimo, o caça russo não estava fazendo nenhuma manobra ofensiva e além disso, incursões em espaço aéreo alheio (concedida até em contextos menos políticos do que este) são corriqueiras e o máximo que acontece são salvas de aviso para forçar o intruso a sair.
A 'precipitação' dos turcos e a confissão de Erdogan de ter dado a ordem pessoalmente demonstra que estavam de tocaia esperando que o caça russo se aproximasse a fim de darem seu recado.
A violência foi desproporcional ao incidente, já que os turcos inclusive fuzilaram um dos pilotos que tentava salvar-se e mais um soldado que tentou resgatá-lo. Que tenha sido turcos que pegaram em armas contra Assad ou turcos sob ordens diretas de Ankara, não tem importância, pois são farinha do mesmo saco.
O incidente é grave porque a Turquia pertence à OTAN (que por sinal acabou de suplicar que Putin continuasse sua campanha contra o Daesh) e que nas regras do Tratado do Atlântico Norte atacar um país aliado é atacar todos, que devem unir-se em uma resposta.
Erdogan pensou em acender o pavio da Terceira Guerra Mundial?
A anedota dos dois pesos e duas medidas é que em 2012 os sírios derrubaram um jato turco que cruzara a fronteira e Erdogan respondera furioso que "a short-term border violation can never be a pretext for an attack", e o secretário geral da OTAN na época, Anders fogh Rasmussen, chamou a resposta de Damasco "another example of the Syrian authorities disregard for international norms".
Alguém ouviu alguma crítica similar contra Ankara após a derrubada do avião russo?
A população russa está revoltada e turco na Rússia hoje é melhor ser discretíssimo.
Putin estava furioso com "a facada nas costas" e Erdogan se obstinava a repetir a frase aprendida no manual do Israel project: "everyone should respect the right of Turkey to defend its borders".
Repete a lenga lenga porque durante o G20 os dois chefes de estado conversaram sobre o assunto e Putin pedira que Erdogan visse os aviões como "convidados de passagem", ao que o petulante Erdogan respondera que não aceitava "uninvited guests".
Agora seus respectivos ministros das relações exteriores estão tentando remendar o rasgão em suas relações diplomáticas.
Se era guerra que Erdogan queria, o tiro saiu pela culatra e a resposta de Putin me pareceu até moderada. Só ordenou zelo dobrado no trato dos interesses turcos em seu território, mandando fiscais conferir com lupa as contas e a situação legal de todos os funcionários de firmas turcas e agentes da alfândega revistarem todos os caminhões de carga e veículos provenientes da Turquia.
"Officially there are no obstacles, but we come across unofficial ones. This will have a massive impact on our commercial segment in short and middle terms. In Europe, one of our largest partners is Russia," disse um empresário. "At the border, they check every single truck, whatever license plate it carries. They check everything about the product. They count the products, check their weight, etc, and find an excuse to make them wait or send them back." E outro turco confirmou que a Rússia os está filtrando na fronteira "finding excuses and delaying entry of Turks with work or residence permit."
Enquanto Putin segue o exemplo dos EUA e UE estrangulando a economia da Turquia, pois a Rússia é de fato seu primeiro parceiro econômico, os empresários caíram matando em cima de seu presidente por estar provocando sua ruína e causando um rombo nas finanças estatais ao privá-las da renda importantíssima gerada na Rússia. Só para dar-se uma importância que não tem. A não ser que Erdogan tenha realmente cumprido ordens alheias ou tenha sido cedido à parte da oposição síria que aloja em sua capital.
A OTAN ficou de fora da briga, pressionou um pouco Erdogan nos bastidores, e este, sob pressão interna empresarial e externa de seus aliados ocidentais, resolveu dizer que não sabia que o Sub-24 era um avião russo... O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, não engoliu o sapo e disse que a provocação e a cilada eram claras.
Pois Moscou pode ter sido negligente em deixar seus pilotos manobrarem fora da Síria (em vez do Iraque controlado pelo Daesh), mas a resposta de Erdogan extrapolou o concebível nessas circunstâncias. Sem contar que sua postura no conflito é mais do que ambigua ao martelar os kurdos em vez do Daesh, ao contrabandear armas para dentro da Síria sob o disfarce de combois humanitários e apoiando jihadistas pouco recomendáveis. Seu serviço de inteligência militar (MIT) é de um cinismo dígno do da IDF, e Erdogan talvez seja mais inconstante, brutal e ambicioso do que Putin. Fala-se muito do peso do aparato de inteligência russa sobre a população e a conivência esporádica do governo com bandidos de carteirinha, mas a Turquia apresenta as mesmas características, concentradas em um território mais acanhado, embora não se fale muito, talvez por sua menor importância no cenário mundial.
Só que Vladimir Vladimirovitch é mais inteligente do que Regep Erdogan e detém um poder real e não imaginário. O presidente da Rússia respondeu militarmente ao ataque do vizinho, mas foi em um dos tais comboios pseudo-humanitários carregados de armas, que até então deixara passar batido sabendo bem do que se tratava, simplesmente para não criar caso com um 'aliado' circunstancial.
Há notícia de Ankara prosseguir a confrontação armando e encorajando seus compatriotas residentes na Síria para que dificultem o trabalho dos russos no combate ao Daesh.
Se os membros da OTAN não encostarem Erdogan na parede depressinha, esta guerra por tabela vai virar guerra mesmo porque uma coisa é Israel azucrinar os palestinos todos os dias e saírem (quase) ilesos da tortura sádica porque sua vítima é indefesa e desarmada, outra coisa é a Turquia azucrinar os russos sem parar e não receber uma bomba na cabeça quando menos esperar.
Mesmo sem bombardear o país diretamente, Moscou tem meios de esmagar as ambições de Erdogan uma a uma, começando com o Azerbaijão que este cobiça e semeando zizania apoiando os kurdos, e quem sabe até os armênios.
Trocando em miúdos, confiando no respaldo da OTAN? Ankara desencadeou um conflito perigoso acima de suas forças e de seus meios. Erdogan acabou de abrir, de propósito ou por acaso, um novo capítulo na história de rivalidade Russo-Ottomana. Um novo capítulo em uma história que evoluiu em desvantagem para a Turquia que ainda pensa ser o império que faliu por completo entre as duas Guerras mundiais. 
O interessante da Turquia é sua esquizofrenia oportunista. Comporta-se como se fosse herdeira do Império Otomano e quando os armênios lhe cobram reconhecimento e compensação pelo genocídio, diz que não tem nada com isso. Mas in(ou)felizmente, não há como escolher na história apenas pedaços favoráveis.
Putin participou da comemoração do centenário do genocídio, em abril de 2015.
Erdogan deu-se conta que pisou na bola e ligou para o Kremlin, mas Putin não atendeu o telefone. Depois disse que espera resolver tudo em Paris durante a reunião climática de cúpula nesta semana, mas o Kremlin informou que não há nenhuma reunião prevista entre os dois chefes de estado porque Erdogan ainda não concorda em desculpar-se. Moscou quer desculpa pública.
Além das retaliações do Kremlin, as redes sociais russas estão cheias de promessas de boicotar a Turquia durante as férias - no ano passado, a Turquia recebeu 4.4 milhões de turistas russos. 
E Vladimir Zhirinovsky, líder do partido Liberal Democrata (que de liberal democrata só tem o nome), conhecido por falar demais, chegou ao extremo de 'lembrar' quão fácil seria para a Rússia destruir Istanbul: "You just chuck one nuclear bomb into the straits, and there'd be a huge flood. The water would rise by 10-15 metres and the whole city would disappear?
Mas o outro Vladimir, o Vladimirovitch Putin, nem pensa nisso. Continua a cooperar com a a coalizão ocidental contra o 'inimigo comum' do Daesh: "We are ready to cooperate with the coalition which is led by the United States. But of course incidents like the destruction of our aircraft and the deaths of our servicemen are absolutely unacceptable and we proceed from the position that there will be no repeat of this, otherwise we'll have no nedd of cooperation with anybody, any coalition, any country." 

Vadim Gorshenin no Pravda: Obama shame and the Turkish pageboy.
Hans Vogel no Pravda: Lies, Terror and the Drive to War

Inside Story: Why did Turkey shot down Russian plane?


Por outro lado, o presidente da Rússia transmitiu ao G20 a lista dos 40 países que financiam direta ou indiretamente as atividades do Daesh. A lista inclui membros do G20. "I provided examples based on our data on the financing of different islamic State units by private individuals. This money, as we have established, comes from 40 countries and, there are some of the G20 members among them. I've shown our colleagues photos taken from space and from aircraft which clearly demonstrate the scale of the illegal trade in oil and petroleum products. The motorcade of refueling vehicles stretched for dozens of kilometers, so that from a height of 4.000 to 5.000 meters they stretch beyond the horizon."
O Daesh ganha cerca de US$50 milhões por mês com a venda de petróleo bruto extraído de poços no Iraque e na Síria. Este comércio, além de legitimar o Estado Islâmico, permite sua manutenção e expansão no Oriente Médio, assim como os atentados fora de lá..
Inside Story: Who is buying Daesh/ISIL's oil?

Mapping Daesh/ISIL’s attacks in 2015In 2015, more than 50 attacks, in which almost 1,000 civilians were killed, were committed in the name of ISIL.

Is Turkey's 'open door policy' an illusion? Turkey's 'end goal' is to create a safety zone in northern Syria to host a large number of refugees, analysts say.
Russia's briefing about ISIS funding

RT: Sauditas, qataris, turcos apoiaram os radicais sírios temendo problemas locais.

Ponto de vista da RT: Emergência do Estado Islâmico / Origins of ISIS
RT interviews captured ISIS' militants

Ponto de vista da Al Al Jazeera: Enemy of enemies, the rise of ISIL

Documentário: Daesh no Afeganistão
 

BONUS 
Noam Shomsky na Euronews: "US is world biggest terrorist"
Chris Hedges na RT: "We have decapitated more civilians than ISIS has ever have"
Abby Martin entrevista Chris Hedges: War, Propaganda and the Enemy within
How USA profits from war



Enquanto isso, Israel, o outro estado terrorista, continua oprimindo os palestinos e a Intifada continua.
O governo israelense acabou de aprovar uma lei (criticada unanimamente por todos os grupos de Direitos Humanos) autorizando a prisão de meninos palestinos com cidadania israelense a partir de 12 anos,  por suspeita de "nationalistic-motivated offence", ou seja, por suspeita de atos de resistência.
A idade mínima era de 14 anos, que já não era conforme as leis internacionais. "Israel's [civilian] penal laxs are becoming more and more similar to military laws in the occupied West Bank", disse um advogado da Addameer.

"Just like a zoo": Quotidiano dos palestininhos na Cisjordânia
8 years old children being abused and arrested by Israeli soldiers

Os tribunais israelenses já são autorizados a julgar e condenar meninos palestinos de 12 anos que vivem nos territórios palestinos ocupados - Cisjordânia e Faixa de Gaza. Mas os soldados prendem até crianças menores, como mostra o vídeo da B'Tselem acima.
Há anos Israel usa cães militares para estraçalhar membros de palestinos que atacam. Os meninos são as maiores vítimas.

Mapping the dead. Al Jazeera is tracking the human toll in the occupied Palestinian territories and Israel..
Desde o início da Terceira Intifada no dia 01 de outubro 106 palestinos foram assassinados por soldados e colonos israelenses.
Mais de 10.000 foram feridos gravemente na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Quotidiano palestino em suas cidades ocupadas

Norman Finkesltein: A NEW “NEW ANTI-SEMITISM”? Part 1.  A NEW “NEW ANTI-SEMITISM”? Part 2

Geoffrey Aronson: Oslo is dead, but what's next?

Vídeo: Teacher films Israeli raid on West Bank primary school.

Peter Baumont: Gush Etzion junction – the West Bank roundabout that became a symbol of escalating violence

Palestinian youth revolt - Any role for political parties? Part 5.

Parente de Netanyahu afirma à Al Jazeera: "Binyamin is against a Palestinian state"

Palestine Divided
Jerusalem, a city divided

I support the cultural boycott of Israel

Boas lembranças de arquivo: Ronaldinho Fenômeno em visita à Palestina em 2005


Banda palestina Revolution Makers, de Gaza

The song below recognizes that battle and resistance have been imposed on a people that wants what all humans yearn for: "We want to live our lives as free people, not slaves". 
It also speaks about the pressure to emigrate as conditions worsen, and the refusal - based in hope and faith - to do so. 
It is really beautiful. The English subtitles are a little bit hard to read though.
 

domingo, 22 de novembro de 2015

Israel vs Palestina: Operações Militares VII Bis (Wrath of God/Bayonet)


A Operação israelense  Wrath of God/Bayonet, criada por Golda Meir em 1972 para dizimar a интеллигенция / inteligentsia palestina e a liderança político-operacional da OLP, continuou na década de 80 com a mesma 'diligência'.
Continuou também com a mesma impunidade do terrorismo de Estado que Israel pratica através da IDF e dos grupos para-militares que a geraram implementando um projeto de 'limpeza' dos nativos a fim de criar um "estado judeu" "puro" em cima dos escombros de uma nação palestina pré-existente, e em cima de sangue, muito sangue inocente e muito sofrimento. Como o Daesh/ISIL/Estado Islâmico está fazendo agora no Iraque e na Síria em nome de um pseudo-direito contestável, contestado e forçado goela abaixo das populações desses dois países por vias bárbaras.
Na hásbara oportunista dos atentados de Paris, os sionistas andam tentando isentar-se de seu papel terrorista dando-o aos palestinos oprimidos por sua potência militar máxima. Por isso resolvi focar as próximas semanas essencialmente na sequência histórica da cruel e ilegal ocupação israelense da Palestina para que se entenda melhor o porquê da Terceira Intifada.

1981
Junho: No dia 1°, outro diplomata palestino foi assassinado na Europa. Naim Khader (ao lado), representante da OLP na Bélgica. Os palestinos logo acusaram Israel do crime, mas ficou por isso. Naim era um homem de paz cuja palavra de ordem era 'reconciliação' para a formação de dois Estados vizinhos vivendo em paz.
Em 2001, foi-lhe prestada homenagem e a televisão francesa a registrou: http://www.sonuma.be/archive/lassassinat-de-na%C3%AFm-khader
Agosto: No dia 04, Abu Daoud, comandante do Black September que admitira publicamente ter participado do plano de ataque em Munique, foi baleado no bar de um hotel de Varsóvia, mas sobreviveu ao atentado.

1982
Março: No dia 1°, foi a vez de Nabil Wadi Aranki ser assassinado em outra capital europeia. Em Madri.
Junho: No dia 17, o Mossad executou dois executivos da OLP em atentados separados em Roma.
Nazeyh Mayer, um dos gerentes do escritório da OLP em Roma, foi baleado na porta de sua casa.
Kamal Husain, o outro gerente do escritório da OLP, foi morto por uma bomba posta embaixo do assento de trás de seu carro. Morreu saindo da casa de seu companheiro recém-assassinado. O Mossad instalou a bomba no carro de Kamal enquanto ele estava dentro do prédio ajudando a polícia na investigação do assassinato de Nazeyh. Sem que ninguém visse os agentes do Esquadrão da Morte?
Julho: No dia 23, Fadl Dani, diretor do escritório da OLP em Paris foi executado do mesmo jeito.

1983
Agosto: No dia 21 outro alto executivo da OLP, Mamoun Meraish foi assassinado em seu carro por dois agentes do Mossad que o balearam de uma motocicleta.

1986 
Junho: No dia 10, Khaled Ahmed Nazal, secretário geral da Frente Democrática para a Libertação da Palestina, outra facção componente da OLP, foi assassinado na porta do hotel em Atenas com quatro tiros na cabeça.
Outubro: No dia 21 o Esquadrão da Morte explodiu também em Atenas Munzer Abu Ghazala, membro do comitê executivo do Conselho Nacional Palestino.

1988
Fevereiro: No dia 14 o Mossad assassinou Abu al Assan Qasim e Hamdi Adwan em Limassol, no Chipre. O terceiro desta lista, Marwan Kanafami, escapou por pouco.
Abril: No dia 16, a Operation Wrath of God atingiu outro próximo de Yasser Arafat. Um amigo íntimo, leal, o braço direito do líder da OLP: Khalil Ismain al-Wazirkunya - Abu Jihad (ao lado com Abu Ammar).
A estocada em Abu Ammar foi dolorosa. Incapaz de atingi-lo pessoalmente devido à sua mobilidade constante, à competência de sua guarda pessoal e o costume de só enfrentar forças desproporcionalmente inferiores, a IDF e o Mossad resolveram atacá-lo indiretamente executando Abu Jihad. Já falei nele na História do conflito que venho desenrolando desde 2011, mas vou repetir uma palavrinha sobre ele porque era pessoa cara a Arafat e peça mestra na OLP e no Fatah.
Khalil nasceu em 1935 em Ramla, na Palestina. Seu pai, Ibrahim al-Wazir, era merceeiro e a família viveu em harmonia até 1948, até a Naqba. Quando as brigadas para-militares judias invadiram Ramla e Lydda matando, destruindo e forçando ao êxodo cerca de 70 mil nativos, a família de Khalil estava na fila de palestinos que perderam a casa, a cidade, os pertences acumulados em gerações a custa de trabalho árduo, mas que conseguiram conservar a vida e marchavam para o exílio inexorável. Em sua tragédia familiar que era a mesma de centenas de famílias anônimas, os al-Wazir tiveram a sorte de conservar a vida. Indigentes da noite para o dia, de coração partido e com a semente da revolta criando raízes no âmago dos meninos, engrossaram outras filas no caminho do refúgio na Faixa de Gaza onde encontrariam centenas de indigentes conjunturais que, como eles, haviam sido amputados de moradia, direitos e nacionalidade.
Khalil tinha 13 anos quando seus pais se instalaram com os filhos no campo de refugiados de Bureij e os matricularam na escola do UNRWA, órgão da ONU responsável por refugiados. Sua revolta crescia todos os dias quando ao acordar em sua residência precária se lembrava de como e porquê a vida de sua família, e de tantas outras, fora destruída por invasores estrangeiros que tinham massacrado impiedosamente conhecidos e amigos diante de seus olhos e tantos outros compatriotas cujas histórias ouvia de seus novos vizinhos que chegavam ao campo de refugiados com relatos horrendos e com o horror nos olhos.
Khalil começou a militar na resistência ao entrar no Segundo Grau. Era um líder nato e na escola formou um grupo juvenil de fedayin** para azucrinar os soldados israelenses estacionados nas proximidades de Gaza e na Península do Sinai.
Ele tinha 19 anos quando conheceu Yasser Arafat em 1954. Arafat tinha 25. Os dois jovens carregavam em si a mesma rebeldia e os mesmos ideais de rever sua pátria autônoma e livre, como a tinham conhecido antes da invasão bárbara.
Khalil estava cursando arquitetura na Universidade de Alexandria quando foi preso pela primeira vez aos 20 anos, por ativismo. A detenção foi curta, mas ao ser solto foi direto para um campo de treinamento militar no Cairo, em 1956. Era a sombra de Arafat como mostra a foto ao lado mais tarde com Nasser.
No ano seguinte Khalil foi detido de novo durante mais tempo por suas atividades de fedayin e desta vez, ao sair abandonou a universidade porque já perdera o fio do curso e entendido que recuperar sua pátria era mais importante do que projetar imóveis cujos dias estavam contados como os de sua casa demolida em Ramla. De qualquer jeito não poderia continuar o curso mesmo que quisesse, pois foi expulso do Egito para a Arábia Saudita, onde começou a dar aula. De lá foi para o Koweite em 1959 onde continuou a ensinar e de onde estabeleceu contato com regimes comunistas e países árabes.
Nesse ínterim estreitara seus laços com Yasser Arafat e outros resistentes exilados com os quais no mesmo ano fundou o Fatah - acrônimo revertido de harakat at-tahir al-watani al-Filastini / Movimento Nacional de Libertação da Palestina - laico de centro-esquerda.
Graças a seu talento de comunicador e sua facilidade para escrever, em 1960 mudou-se para Beirute para dirigir a revista mensal Filastinuna, Nida' al-Hayat / 'Nossa Palestina, a chamada para a vida'. Dois anos depois instalou-se na Argélia cujo presidente Ahmed Ben Bella abrira as portas a Yasser Arafat, Farouk Kadoumi (Abu al-Lutf, um dos poucos companheiros de Yasser Arafat desde 1958 que sobreviveu à "limpeza" dos líderes combativos do Fatah. Fiel a seus ideais, é uma pedra no sapato da turma de Mahmoud Abbas) e outros líderes históricos da OLP, inclusive Abu Jihad.
Foi ele que abriu o primeiro escritório do Fatah e o campo de treinamento militar em Argel. Participou da delegação do Fatah a Pequin em 1964 e foi encarregado de expor as ideias de seu partido aos líderes chineses inclusive a Zhou Enlai, então "primeiro ministro" de Mao Tse-Tung cuja simpatia conquistou para a causa palestina.
Diz a lenda que o Che, Guevara, ficou encantado com Abu Jihad quando esteve em Argel. Os sobreviventes da velha guarda gostavam de lembrar este fato que mencionavam com orgulho toda vez que falavam em seu companheiro assassinado.
Abu Jihad era outro palestino super-dotado e em seu caso de talentos variados. Por isso virou o factotum sofisticado do Fatah assumindo altas responsabilidades. Além de comunicação, foi encarregado do recrutamento e treinamento de fedayin para a ala armada do Fatah, al-Assifa / a Tempestade, que passou a chefiar. Foi então que recrutou Abu Ali-Iyad (outra figura proeminente da OLP)  que chefiaria a al-Assyfa na Síria e na Jordânia (onde foi assassinado em 1971 durante o Setembro Negro (Blog 01/01/12). Aliás, foi Abu Jihad que se encarregou do fornecimento de armas e medicamento a seus compatriotas durante a perseguição sanguinária do rei Hussein da Jordânia.
Após a derrota, ele foi para Beirute com os demais sobreviventes do Fatah. Foi então que integrou a OLP onde organizou várias operações da resistência contra Israel antes e durante a invasão do Líbano em 1982. Organizou a defesa de Beirute, mas os fedayin foram derrotados pela IDF - já um exército que dispunha das armas mais sofisticadas da época, como hoje.
Quando seus inimigos ocuparam o Líbano, a OLP teve de exilar-se alhures. Desta vez foram todos para a Tunísia. Abu Jihad primeiro passou dois anos em Amman antes de juntar-se aos camaradas em Tunis, de onde organizou comitês universitários nos territórios palestinos ocupados. Comitês que seriam a espinha dorsal das forças palestinas na Primeira Intifada. De cuja liderança foi privado por ter sido assassinado em Tunis, aos 52 anos, no dia 16 de abril de 1988, às 2 horas da madrugada, em casa. Foi surpreendido dormindo.
Para este assassinato também o Esquadrão da Morte do Mossad recorreu à IDF. O comandante das tropas especiais que o mataram foi o assassino profissional Ehud Barak. Ele e seus subordinados foram para Tunis de navio pesqueiro disfarçados de pescadores libaneses sequestrados para suas identidades serem roubadas para os terroristas acederem ao prédio da OLP sem alarde.
No dia 21 de abril Abu Jihad foi enterrado em Yarmouk, o campo de refugiados palestino na Síria considerado a capital dos palestinos da diáspora e hoje tristemente massacrado pelos selvagens do ISIL.
Abu Jihad casara-se em 1962 com Intissar al-Wazir. Teve cinco filhos. Duas mulheres - Iman e Hanan - e três homens - Jihad, Bassem e Nidal. Yasser Arafat não se esqueceu do amigo e levou sua família de volta para Gaza logo após a assinatura dos Acordos de Oslo. Na primeira oportunidade nomeou sua viúva ministra em 1996. Intissar, kunya, Umm Jihad, foi a primeira mulher a ocupar um ministério na Palestina e é deputada do Fatah. Seu filho Jihad é o atual diretor da Autoridade Monetária Palestina.
Em 2013 Israel reconheceu oficiosamente o assassinato liberando a entrevista que o oficial Nahum Lev da Sayeret Matkal deu a Ronen Bergman. Sem nenhuma repercução jurídica.
Na época do assassinato de Abu Jihad o United States Deprtment of State condenou sua morte como um "act of political assassination" e o Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 161 condenando "the aggression perpetrated against the sovereignty and territorial integrity of Tunisia", sem mencionar Israel como autor do crime.
E ficou por isso. Em 2012, consciente de sua impunidade, Israel admitiu o assassinato 
Em seguida,  advogados e jornalistas tunisianos deram queixa de Israel por atividades terroristas em seu território, mas não conseguiram justiça.

1992
Junho: No dia 08 o chefe de Inteligência da OLP Atef Bseiso, de 44 anos, foi morto por uma rajada de balas de dois assassinos em Paris, em pleno bairro de Montparnasse.
Yasser Arafat logo acusou o Mossad, Israel se fez de bobo e a França engoliu o sapo. Gordo, pois o assassinato aconteceu em visita oficial do diretor de segurança externa da OLP à França.
Na época surgiu o boato que o serviço secreto francês revelara ao Mossad informações sobre a chegada de Bseiso de Berlin em Paris. Foi baleado na rua na frente de testemunhas. Uma delas declarou que uma jovem de cabelo curto preto empurrou Atef contra o carro do qual ele estava saindo enquanto um homem jovem de cabelo comprido anelado esvaziou o revóver no pescoço e no peito dele. Todos os depoimentos foram unânimes, os revóveres que os assassinos usaram tinham um saco preso para recolher os cartuchos das balas. Quando os guarda-costas de Atef reagiram, atiraram na mão de um dos assassinos e quando o outro ia atirar no outro assassino a mulher o apunhalou no pescoço e fugiu com seu colega no carro cinza que esperava ao lado pronto para arrancar.
O governo francês limitou-se a lançar um comunicado chamando o assassinato de "deplorable". Nos bastidores admitiram que o trabalho era dos "sweet tourists from Hell", se referindo aos dois agentes do Mossad. Os palestinos forneceram à polícia francesa até o nome dos assassinos: "We are sure it is the work of Zionist assassins called Gilli and Ranan", mas ficou por isso, embora ambos fossem conhecidos. A tal Gilli era uma agente canadense e o tal Ranan, recrutados na Columbia University em 1983 onde foi treinado por um diretor do Mossad chamado Meir Amit. Os dois foram promovidos rapidamente pra a Unidade Kidon, agência israelense de "caça" e assassinato. Eles operavam fora de Nova York, na California e na Europa. Acabaram se instalando perto de um resost em Pune, na India, com nomes em sanscrito, onde a mistura de nacionalidades e nomes diferentes permitiram que se locomovessem com mais facilidade sem levantar suspeita.
Apesar da Inteligência da OLP ser precisa, Israel disse que era "dubious and imaginative" sugerindo que o assassinato deveria ser furto de rivalidade internas.
Até Youssef Ibrahim do NYTimes na época descartou esta hasbara. E era pouquíssimo provável que sem a ajuda do serviço secreto francês ou no mínimo um vazamento de informação os agentes do Mossad tivessem conseguido levar a cabo o atentado. Ate foi assassinado apenas 6 horas após chegar em paris. Nem os jornalistas sabiam de seu itinerário. Seus colegas da OLP estavam horrorizados: "The speed with which exact information of his whereabout was gotten and the degree of professionalism with which it was carried out demands a logistical support suystem that extermist organizations simply do not possess." Disse o óbvio, a ouvidos moucos.
O assassinato de Atef Bseiso foi um golpe duro no esforço da OLP de construir uma relação diplomática na França e na Europa.
Mossad Killing Techniques (3x10'')
Notas
Kunya - Teknímico comum na Jordânia, Síria, Líbano, Palestina, para referir-se aos pais pelo nome do filho primogênito. No caso Abu (pai) ou Umm (mãe) de....  Como por exemplo, Abu Ammar (Yasser Arafat); Abu Mazen (Mahmoud Abbas); Umm Jihad (Inssitar al-Wazir); etc. São usados sempre na vida social e profissional. Como o patronímico é a referência nominal na Rússia, como por exemplo, Mikhail Sergueievitch (filho de Serguei; para Gorbatchev) e Vladimir Vladimirovitch (filho de Vladimir; para Putin).
** Fedayin (singular, feda'i - quem arrisca a vida voluntariamente / aquele que se sacrifica). Termo que os Ismaelitas adeptos do 'Velho da Montanha' fundador do Estado Alamût  usavam na Idade Média.

Aliás este dissenssor xiita indiano criou, sem querer, um adjetivo que se proliferaria nas línguas greco-romanas: assassino, proveniente da palavra árabe asâs, base/fundamento. Este senhor Hassan ibn al-Sabbah chamava seus seguidores de assassiyun - literalmente, 'quem é fiel a assas', ou seja, à base ou ao fundamento da fé. Palavra mal-entendida pelos ocidentais durante as cruzadas que a interpretaram à sua maneira, já que designava os combatentes que os matavam.
 

domingo, 15 de novembro de 2015

Beirute, Paris, Gaza, Hebron, terrorismos e o valor da vida


O terrorismo moderno tem duas faces. A de grupos para-militares (Al-Qaeda, Al-Nusrah, Daesh/ISIS/ISIL) que matam e destroem para obter um Estado e o de país já auto-determinado (Israel  e sua IDF).
Os primeiros são muçulmanos, datam de 14 anos, e em sua nova versão, três anos, atuam in loco e fora de seu perímetro, por golpes esporádicos e reivindica servidão a um califado que resgate o esplendor des impérios orientais que desmoronaram durante as Cruzadas e as guerras mundais por terem tomado o partido de Hitler, o errado. O protagonista desta novela islâmica é o Daesh, e suas pretensões, como se sabe, são de reconstituir o Levant em  Iraque, Síria e pedaços daqui e de acolá no Oriente Médio. Seus métodos são expeditivos e sua mensagem é clara: Quem não aderir a nossas ideias por bem, aderirá por mal ou virará cadáver.
O segundo terrorismo data de 67 anos, é quotidiano e reivindica servidão ao sionismo que cobiça um Grande Israel com fronteiras do Jordão ao Mar Mediterrâneo sem os nativos palestinos a serem dizimados pela força das armas de maneira também expeditiva e através de recursos furtivos mais sofisticados que os exterminem na surdina.
Hoje em dia o Daesh e a IDF protagonizam as maiores barbaridades do planeta. E como já disse anteriormente, são os únicos exércitos que aliciam jihadistas estrangeiros.
Na semana passada, a IDF concretizou mais uma etapa de sua limpeza étnica transformando Hebron em gueto de fato além de continuar sua 'limpeza' (termo que eles usam desde 1948) na Cisjordânia e na Faixa de Gaza sob indiferença geral. 
O Daesh também mudou a marcha de seu carro com dois ataques fora de seu perímetro de combate (Síria e Iraque).
Na quinta-feira dia 13 cometeu dois atentados suicidas coordenados na hora de ponta no bairro populoso e movimentado de Burj al-Barajneh, no sul de Beirute, matando 48 pessoas e deixando cerca de duzentos feridos.
No dia seguinte triplicou os atentados em Paris, perto do estádio e em vários lugares do 11° bairro (a cidade é constituída de 20) cheio de restaurantes, bares e casas de espetáculo.
Embora pareçam dissossiados, o modus operandis é semelhante porque ambas operações atingiram o objetivo de causar pânico, instabilidade e deixar marcas. Em Beirute o Daesh atacou um bairro residencial de dia, na hora de ponta. Em Paris, atacou um bairro de balada de jovens e de menos jovens na sexta-feira à noite.
Atacou duas cidades expressivas em mundos diferentes mas que se interligam culturalmente.
Beirute e Paris são duas cidades expoentes. A primeira, no Oriente Médio; a segunda, no Ocidente.
Paris é a capital turístico-cultural ocidental. Beirute é a capital financeiro-cultural oriental. Ambas cidades são cosmopolitas e representam um savoir vivre com características próprias. Atacar Paris é atacar o ocidente. Atacar Beirute é um pouco como atacar a porta que o Ocidente tem no Oriente, ao ver desses extremistas que diminuem o mundo e o classificam em categorias sectárias e reduzidas.
A única diferença entre as duas operações terroristas do Daesh da semana passada foi que a primeira, em Beirute, foi divulgada nos países árabes em destaque e passou quase desapercebida na mídia ocidental.
A segunda, em Paris, ganhou manchetes destacadíssimas da grande mídia e das redes sociais das quais se alimenta hoje a burguesia e os jovens (e menos jovens) que são incapazes de concentrar-se em mais de 3 linhas.

É mais uma prova da teoria que os isarelenses vêm demonstrando desde 1948 e multiplicada desde 1967: Há vidas que valem muito mais do que outras. É um fato vergonhoso mas inegável.
O Brasil é o meu país; sou brasileira de corpo e alma até a raiz dos cabelos. Mas Paris é minha segunda cidade, pela qual tenho um carinho especial. Apesar disso, lamento compungidamente as operações do Daesh aqui e em Beirute com a mesma intensidade; como lamento diariamente os atos abomináveis que o estado terrorista de Israel comete na Palestina. Pois, felizmente ou infelizmente, valorizo a vida de todo ser humano, conhecidos e desconhecidos, como a minha e a dos meus entes queridos.
Além de ser amoral, a prática dos dois pesos e duas medidas geram injustiça e promovem desigualdades que fomentam ressentimentos difíceis de apagar.
Por outro lado, o terrorismo visa aterrorizar, abalar os valores do aterrorizado. A arma contra ele é não se deixar amedrontar e viver.

Passando ao concreto, um jihadista do Daesh entrar em Beirute é fácil porque o Líbano está inundado de estrangeiros com ou sem estatuto de refugiados, está sem presidente há meses e literalmente desgovernado.
Mas a Paris, como chegaram? A teoria mais plausível é a da rota belga. Comprovada pela multa esquecida em um dos carros (VW Polo) de placa belga que transportaram os terroristas (segundo todas as testemunhas).
Ora, atos de terrorismo e crime comum só podem ser resolvidos através de indícios. E estes decorrem de negligências ou/e descuidos que podem ocorrer até em planos minuciosos e 'perfeitos'. Um dos terroristas que mataram 129 pessoas em Paris e feriram dezenas mais foi multado em Molenbeek, em Bruxelas. Este bairro é repertoriado na polícia como antro de miséria e de terroristas. O que leva à constatação também simples e comum neste tipo de ato: os serviços de informação da França e da Bélgica pisaram na bola feio.
Há pouco Molenbeek fora descrita por um jornalista belga como um "den of terrorists", onde os chamados 'retornados' da Síria e do Iraque se instalam ao voltar para a Europa ou fazem pausa para se 'organizarem'.
Molenbeek é hoje o que o Harlem era 40 anos atrás (pelo menos no imaginário popular). De dia a vida parece normal porque aloja majoritariamente famílias honestas e trabalhadoras, mas é moradia de salafistas clandestinos extremistas e de células terroristas que a polícia identifica, mas não consegue chacoalhar.
Per capita, a Bélgica é o país que mais exporta jihadistas para o Daesh (para a IDF, são os Estados Unidos). E Molenbeek é o ninho desses indivíduos. É um bairro tão esquisito (para os padrões europeus) que os bruxelenses chamam seus moradores de "zinneke", que significa 'híbrido'.
O marroquino Ayoub el-Khazzani, de 25 anos, que sacou sua kalashnikov e abriu fogo no trem em agosto morou lá.
O francês de origem argelina Mehdi Nemmouche, de 29 anos, que matou três pessoas em um museu de Bruxelas também morou lá durante certo tempo.
Um dos participantes da bomba de Madri em 2003, idem.
A descoberta da multa confirmou a presença em Bruxelas de um dos cidadãos franceses que participaram da carnifica e a partir daí foi fácil apreender os três outros que escaparam antes de cruzarem a fronteira.
Em seguida, a polícia belga teve de tomar a providência que devia ter tomado desde que Malenbeek virou a matriz europeia da empresa terrorista do Daesh, deu três blitz no bairro e o porta-voz da Promotoria belga declarou que "Multiple arrests and search warrants have been executed. These operations are still ongoing as we speak".
A pergunta que me fazem é 'como é possível que estes extremistas estivessem soltos?!'. Pois é. Pelo menos um dos participantes deste ataque coordenado em Paris era francês, nascido em 1985, morava em um subúrbio popular e era suspeito de extremismo desde 2010... Mas o antro europeu é mesmo Molenbeek, em Bruxelas, na Bélgica.
Um homem de 51 anos do Montenegro detido na Alemanha com explosivos e armas de assalto, faz parte desta rede.
Por outro lado, dois participantes do atentado em Paris detinham passaportes sírios, de um homem nascido em 1990 e outro nascido em 1980. Ambos tinham conexões com o Daesh. Entraram na Europa pela Grécia como refugiados ou roubaram passaportes de verdadeiros refugiados, para regozijo do Front National. Porém as aparências podem enganar por causa do tráfico de passaportes ser ótimo para terroristas de todas as nacionalidades. Vide Israel, que usou este meio para locomover seus agentes durante a operação Bayonnet nas décadas de 70 até início de 90.
Os adultos sírios e iraquianos solteiros que têm ideologia progressista estão lutando para defender seus países da praga que é o Estado Islâmico. Os demais podem ser suspeitos.

Molenbeek e outos antros terroristas continuam sendo os ninhos mais nocivos. Pois para um ataque da dimensão do de Paris, com a frieza e profissionalismo que a operação foi executada, é preciso uma coordenação física. Sem tais abrigos, as células extremistas viram um polvo sem tentáculos e sem meios de agir.
Por outro lado, bombardear não leva a nada. A única ação militar eficaz é a de botar tropas no solo. O resto é maquiagem.
Mas vai chegar uma hora em que ter-se-á de dialogar com el-Baghdadi  porque não dá mais para ignorar o assentamento do Daesh no Iraque, seu avanço na Síria e seu aliciamento de perdidos e fanáticos estrangeiros por internet, como faz com facilidade.
Derrotar o Daesh/ISIS/ISIL significa primeiro cortar o apoio de empresários e governos que negociam com ele, inclusive a Arábia Saudita e parar de criar mais raiva. É justamente por causa de bombardeios e intervenções no Afeganistão, no Iraque, na Líbia e na própria Síria que o Daesh existe e ganha terreno dia a dia.
Bombas nunca resolvem nada. Nem a curto, nem a médio, nem a longo prazo.
Só o diálogo erradica os males.
Al Jazeera: Interactive - Enemy of Enemies: The Rise of ISIL


A boa notícia da semana foi a União Europeia (após meses de intervenção de lobbies sionistas para bloquear a medida e embora esta continue ligada às criminosas Elbit Systems e Israeli Aerospace Industries) ter ilegalizado oficialmente o que Israel produz nas colônias criando um código diferente.
Que o boicote prolifere e vigore!

Inside Story:  What's behind Israel's ban on Islamic Movement? Israeli-Palestinians call the ban persecution, an attempt to cover up Israel's security shortcomings.  

AJ+: A 'normal' day in Hebron

Enquanto isso, na Palestina, a Intifada continua, e com repressão cada vez mais violenta.
Eis o mapeamento da resistência: https://siddadel.ushahidi.io/views/map/

Mapping the dead in the intifada.

E eis os últimos artigos de Gideon Levy no Haaretz: 
What diplomatic freeze? Things are boiling in Israel and PalestineThere hasn’t been a single day when things have been frozen here, diplomatically or otherwise, for at least 20 years. And there won’t be – not while the occupation continues. 
To understand what 'to neutralize' means, look at this broken Palestinian manA young Palestinian participates in a tumultuous demonstration, Israeli undercover men knock him to the ground and shoot him point-blank. The result: Mohammed Ziada, 19, is partly paralyzed and wheelchair-bound. 
Norman Finkelstein: Why I believe in passports

Address the Root Cause of Violence: End the prolonged Israeli occupation and oppression of Palestinians.

War with Isis: Britain must learn from past mistakes before joining the civil war in SyriaIn Basra and Helmand province the outcome for Britain was humiliation limited only by the size of the forces engagedPatrick Cockburn.

Soldados da IDF disfarçados invadiram hospital em Hebron para executar um palestino que um invasor/colono judeu baleara. Israel executes Palestinian in hospital roomAli Abunimah.
So these are Israel’s new heroes? Israel’s recent military operations in Palestinian hospitals are a blatant violation of the Geneva Convention, and make you wonder how low the country can sink. .
Abby Martin interviews Max Blumenthal about the current intifada

domingo, 8 de novembro de 2015

Síria e Palestina ensanguentadas

 
Na semana passada, 12 ministros estrangeiros - Rússia, USA, UE, UK, Alemanha, França, Itália, Líbano, Egito e outros países árabes subservientes - declararam em Viena ter chegado a um terreno comum para 'resolver' a chamada 'crise síria'.
Foi surreal ver os mesmos países que fomentaram a guerra civil e contribuíram para a destruição da Síria prometerem recolar os pedaços da nação que despedaçaram sem pena. E prometerem ação conjunta quando se sabe que cada um tem dupla agenda compatível com um sucesso multilateral do processo de término do conflito.
Arábia Saudita & Turquia e Rússia & Irã, davam a impressão de visarem objetivos complementares, mas era só de fachada.
Os demais estavam prontos para fornecer lip service ao processo, ou seja, ajuda de vitrine, porém, minar concomitantemente os esforços de paz através de terceiros, com incentivos militares diretos e indiretos no terreno.
As contradições entre o comprometimento de fachada e a puxada de tapete na lateral ficaram claras na promessa de Barack Obama enviar forças especiais, oficialmente, para "help coordinate continued air strikes". Por que agora e não no ano passado ou no atrasado? Ora, tal ingerência direta não terá nenhum efeito e nem fortalecerá a posição política estadunidense que já foi nocauteada por Vladimir Putin. Para não perder o prestígio bastante abalado com o programa de US$500 milhões "train and equip" (de treinamento e equipamento dos 'rebeldes') que virou piada no Oriente Médio.
A meu ver esta ação 'positiva' tardia não é nem desespero de causa. É mais um capítulo de desinformação e miopia que ditam as intervenções externas e erros dos Estados Unidos. A Casa Branca não entende a dinâmica entre rebeldes, Daesh, exército sírio no terreno. Aliás, nem tem feito nada para entender. Desde o começo quis fazer de conta que tentava resolver o conflito diplomaticamente, mas desde o início nos bastidores pretendia e fomentava o oposoto.
No final da reunião de Viena, a única opinião unânime era que a Síria está sendo dizimada, patrimônios universais destroçados e sua população sacrificada aos milhares.
No mais, não concordaram com nada.
Acontece que a Síria só preocupa o Ocidente por causa da ameaça do Daesh, Estado Islâmico; do influxo de centenas de milhares de refugiados em suas fronteiras; do número de mortes públicas e perda de patrimônios universais inestimáveis.
Os oponentes a Bashar el Assad que estão confortáveis em Doha e em Ankara, advogam a intervenção de uma coalizão liderada por Jordânia & Turquia financiada por Qatar, Emirados Árabes e Arábia Saudita, para derrotar o Daesh - desconsiderando que foram estes mesmos três que patrocinaram estes extremismas. A partir daí dizem "We must work with the 100,000 Syrian rebels who are fighting both ISIL and the regime. Neighbouring countries like Turkey and Jordan must eventually send ground troops to assist the rebels."
Ficará só nos sonhos porque que eu saiba, apesar dos debates e pesares, Barack Obama está deixando Vladimir Putin liderar a parada com sua base militar em Latakia porque acabou admitindo que dos males, Assad é menor do que o Daesh.
Counting the cost: How is Russia financing its intervention in Syria?
Quanto à grande maioria da população síria que permanece no país e de vez em quando faz passeastas, sua posição é a mesma de quatro anos atrás. Apoiam o governo contra perigos nacionais maiores que veem como próprio. "The tell-tale sign is that two out of three refugees who fled the fighting areas in Syria, headed for the government-controlled areas, while the other third went to neighbouring countries", disse um jornalista local. "These Syrians will not easily accept getting rid of Assad for a very simple reason: If this 'revolution' manage'd to achieve anything, then all they'd be doing is to sow the seeds for future generations to relive the same horror whenever this or that regional player saw fit."
É o que digo desde o começo desta guerra civil fabricada. Desde a independência que a história da Síria tem sido uma sucessão de golpes que levam a uma roda viva de represálias, prisões, torturas, assassinatos. É óbvio que os líderes rebeldes que estão esperando de camarote no exterior vão agir do mesmo jeito ao se instalarem em Damasco.
Deve ser por isso que a intervenção russa para salvar Assad, a Síria, e conservar sua base naval intata, leva partidários de Assad a dizer esperançosos: "For the first time since the crisis started, military operations and arming of factions won't be justified by the need to 'push Assad to the negotiating table'. Now, the military advantage that the Syrian government would enjoy [out of Russian intervention[ should soon push the ever unrealistic opposition figures to that very table, as a political solution suddenly becomes within sight."
Outro analista sírio também não entende as elucubrações ocidentais: "Debates over whether or not Assad should be part of a transition process miss the point - the conflict is well beyond being solved by his removal. As such, any solution that does not accurately embody and reflect the realities of life inside of Syria today and the ecologies of violence that have taken root cannot be taken seriously moving forward. Unfortunately, no such solution is on offer."
Na verdade, o que é chamado "Syrian conflict" é de fato um conglomerado de micro-conflitos cujas soluções não podem mais ser encontradas na ONU, nem em Viena, nem em qualquer lugar que dois ou doze ministros estrangeiros se reunam para conjeturar. A Síria precisa é de esforço sério interno de mediação de uma solução negociada com todos os protagonistas do conflito.O mapa do início é claro.
Inside Story: The cost of Syria's war for Iran
O Irã vem sendo criticado por mandar para a frente de combate síria imigrantes afegãos que entraram com estatuto de refugiado. Por minha vez, achei compreensível por causa do precedente aberto pelos Estados Unidos (que, aliás, é campeão de maus exemplos). Ofereceu legalização aos imigrantes ilegais contra serviço militar em zonas de perigo máximo como Iraque, Afeganistão, enfim, onde não bastava apertar um botão para matar. Portanto, o Irã mandar afegãos morrerem no lugar dos iranianos, apesar de amoral, é uma prática militar com a qual os jornalistas que o criticam deveriam estar acostumados ou deveriam tê-la criticado quando foi inaugurada.
Aliás, o Irã e a Rússia estão sendo complementares na defesa da Síria e na proteção de Assad. Enquanto a Rússia bombardeia gregos e troianos (tanto os para-militares do Daesh quanto os rebeldes patrocinados pelo train and equip) o Irã arregaça as mangas no terreno com inteligência e soldados e perde inclusive oficiais. Assim como o Hezbollah que desde 2012 combate o Daesh na Síria para proteger sua entrada no Líbano. A diferença é que Hassan Nasrallah, secretário geral do partido, foi claro este ano que "Hezbollah's commitment is not without limitations", isto porque precisa calibrar seu apoio com suas respônsabilidades domésticas para não distanciar-se de sua base nacional.
Xiitas iraquianos formaram com sírios a brigada  pró-governamental Abu al-Fadl al Abbas. O que não é bom sinal porque demonstra o aumento do sectarismo na região.
O país que mais precisa de uma vitória na Síria e de um acordo de transitoriedade governamental de Bashar el Assad é o Irã. Pois assim assentaria uma certa hegemonia na região. A Rússia só precisa manter sua base naval (difícil de ser desalojada sem provocar uma guerra mundial) e acabar com os extremistas in loco para que não entrem na Rússia. Sua influência já foi provada com a intervenção necessária.
Falando nisso, na semana passada seus aviões continuaam a martelar posições do Daesh em Homs, Aleppo, ar-Raqqa, alby Kamal na província Deir ez-Zour ocupada pelo Estado Islâmico. Por outro lado, os russos continuaram a desalojar de Damasco, Idlib, Latakia e Aleppo os rebeldes patrocinados pelos EUA; para desespero do Pentágono.
O gráfico acima (fornecido por redes ativistas anti-Assad)e mostra as localidades bombardeadas.

Rogue Israel vs Resistência & Intifada curtas
Al Jazeera is tracking the human toll of the wave of violence in the occupied Palestinian territories and Israel. 
Nos territórios palestinos ocupados, divididos em Cisjordânia e Faixa de Gaza, a Intifada continua e a repressão aumenta dia a dia transformando as cidades palestinas em guetos inexpugnáveis. 
Porém, a crueldade não dissuade os jovens palestinos que veem nela a prova que a ocupação é o mal personificado em colonos estrangeiros e soldados que aplicam a violência como arma de subjugação interminável.

Na sexta-feira, dia 06 de novembro, houve passeatas familiares pacíficas em todas as cidades palestinas ocupadas. As famílias caminhavam cantando Mawtini, o hino nacional palestino. Uma das frases, "The youth will not tire until independence", era quase gritada pela garotada.


Como de praxe, agentes israelenses infiltrados provocam de todas as formas para justificar execuções sumárias e massacres. Desta vez,alguns foram flagrados sacando armas e atirando, como mostra a foto ao lado.
PHOTOS: ISRAELI AGENTS DISGUISED AS PROTESTERS DRAW GUNS ON YOUTH.
Na passeata de Belém, agentes israelenses à paisana infiltrados foram captados em vídeo jogando pedras em seus colegas soldados para disfarçar e depois prendendo um rapaz palestino antes do batalhão da IDF atacar os manifestantes. Isto acontece em todas as passeatas. Com o propósito imediato de prender o máximo de adolescentes e ajudar os soldados uniformizado, e com o propósito mediato de disseminar suspeita e insegurança entre os jovens palestinos. 
A perversidade e o maquiavelismo dos israelenses é ilimitável. 
Undercover Israeli agents infiltrated in protests in Bethlehem go from throwing stones at their fellow soldiers to overpowering and carrying away a Palestinian demonstrator before the armed forces advanced up the street.

No dia 20 de outubro o mais alto tribunal francês de 'justiça' condenou vários ativistas de solidariedade com a Palestina por incitação pública ao boicote de produtos israelenses. Esta decisão da Court de Cassation é mais uma prova da influência do lobby sionista sobre as instâncias governamentais e jurídicas da França, que é o único país, além de Israel, a punir a liberdade de expressão cívica pacífica do boicote. Isto depois de fazer passeata cívica Je suis Charlie neste ano mesmo... Dois pesos e duas medidas, quando se trata de Israel cujos crimes são mais bem protegidos do que a liberdade dos próprios franceses. Em três anos, ou seja, desde a eleição de François Hollande, a França deu uma guinada para a anti-democracia só para defender os direitos sionistas.
77 palestinos já foram mortos desde o início de outubro.
Last month the Court de Cassation, France's highest court of criminal appeals uphel the conviction of a dozen Palestine solidarity activists for publicly calling for the boycott of Israeli goods. The ruling adds to growing concerns about the harsh crackdown on free speech backed by French President François Hollande and the power of the zionist lobby in Paris.
It makes France, in addition to Israel, the only country to penalize appeals not to buy Israeli goods. And the french law, which includes criminal penalties, is even harsher than Israel's, which allows boycott supporters to be pursued for financial damages, but no jailed.
Quelle honte!
E Israel continua atacando jornalistas/ IDF's attacks on journalists
Je ne suis que Charlie? Que les cartoonistes? Et les journalistes?

Israeli soldiers kill father of three-week-old babyAli Abunimah.

Chilena acusa Israel de patrocinar os crimes de Pinochet.

Antes tarde do que nunca, Caetano Veloso se retrata: visitar-israel-para-nao-mais-voltar-a-israel-por-caetano-veloso.

Water crisis deepens in the Gaza StripThe illegal Israeli-Egyptian siege on Gaza continues to take its toll as the quantity of drinking water dwindles.

The Palestinian cause and international law. Hatem Baziam.

PALESTINIAN YOUTH ARE SHAKING OFF OSLOHaidar Eid. This is a generation that is telling us that they are opposed to all forms of collaboration with the occupiers.



Dennis Ross, ex-mediador US para o Oriente Medio que que disputa com Hillary Clinton a dianteira da limpeza étnica da Paletina, acabou de lançar um novo livro surreal cuja crítica do Haaretz é a seguinte: Is Dennis Ross partly to blame for the ongoing Israeli-Palestinian conflict? .
Ben White responds to arguments against boycott of Israel.

Íntegra do anúncio dos intelectuais ingleses Guardian: Announcement.



Abaixao, vídeo mostra Ahmed Masnarah, palestino de 13 anos, interrogado por  policiais israelenses após ser atropelado (imagens iniciais) e capturado em Belém por suspeita de ato de resistência em que seu primo Hassan de 15 anos foi executado na semana passada.
O menino ficou detido incomunicável junto com outros tantos sequestrados nas ruas ou em casa. Só que sua foto ao lado hospitalizado após o interrogatório em que foi claramente espancado e sabe-se lá o que mais, acabou vazando a obstrução ilegal.
Dos 77 mortos desde o dia 1° de outubro, 13 são meninos.

O Cabo T, da IDF, foi celebrado em Semana Judaica nos EUA como 'Terminator' por ter matado três jovens palestinos em só nove dias. No dia 17 de outubro executou Shabaan Abu Shkeidem, de 17 anos e Shadi Nabil Abd al-Muti Dweik, de 22, perto da invasão judia ilegal Gush Etzion; e no dia 05 de novembro executou Malik Talal al-Shareef, de 25 anos, perto da mesma invasão ilegal que fica pertinho de Belém, na Cisjordânia.
Corporal T was celebrated in an American Jewish weekly as 'The Terminator' after he executed three Palestinians in only nine days. On oct 17, he killed 17 year-old Shabaan Abu Shkeidem and Shadi Nabil Abd al-Muti Dweik, 22; and on Nov. 5, Malik Talal al-Shareef, 25, in the same place where he is stationed.

Baraa Issa, que se diz da extinta Brigada Al-Aqsa, do Fatah (que parece estar sendo ressuscitada nesta Intifada) entregou-se à polícia da Autoridade Palestina confessando responsabilidade por esfaqueamento de um soldado israelense perto da colônia judia ilegal Shaar Binyamin ao norte de Ramallah, nos territórios palestinos ocupados.  A AP não confirmou a notícia dada pelos israelenses. Por não querer que seus compatriotas saibam que está para entregá-lo ao Shin Bet? 
Barra Issa, a Palestinan man responsible for stabbing an Israeli settler in Shaar Binyamin, an illegal settlement north of Ramallah, turned himself in to Palestinian security forces Friday night, according to Israeli media reports that were nof confirmed by the PA. Despite claiming allegiance to the Al-Aqsa Brigades, the military wing of Fatha, Issa said he carried out the attack on his own accord, as it can be seen on the video released prior to the attack.

No dia 6 de novembro, soldados das Forças Israelenses de ocupação mataram Tharwat al-Sharaw, uma senhora de 72 anos, em Hebron. O marido da vítima, Fouad, foi morto na Primeira Intifada. Dona Tharwat foi o 74° palestino assassinado desde o início desta Intifada, já que na véspera a IDF matou Ibrahim Skafi, de 22 anos, no mesmo lugar.
On Nov. 6, Israeli forces shot and killed 72-year-old Tharwat al-Sharawi in Halhul, north of Hebron. The elderly Palestinian woman's husband, Fouad, was killed by Israeli soldiers during the First Intifada. She was the 74th palestinian to be killed since October 1st, as the day before Ibrahim Skafi, 22, was also shot dead by the IDF in the same place. 
The Israelis said that a 'suspicious vehicle drove at Israeli soldiers' and they opened fire at the car. However, no Israeli injuries were reported.
Vídeo abaixo mostra o assassinato da senhora a sangue frio.

No dia 05 de novembro, mais dois adolescentes palestinoes foram assassinados na Faixa de Gaza. Os irmãos Faris Meqdad, de 18 anos, e seu irmão caçula estavam pescando em águas terriotriais palestinas quando militares egípcios os balearam.  O ditador egípcio está virando o melhor amigo sionista de Netanyahu.
November 5, Egyptian military opened fire on 18-year-old Faris Meqdad and his younger brother while fishing in Palestinan waters. General Sissi is becoming Binyamin Netanyahu's closest zionist foreing friend.

Recente pesquisa indicou que cerca de 53 por cento dos israelenses concorda com as execuções sumárias dos palestinos.
Some 53 percent of Israelis have expressed support for the extrajudicial killings of Palestinians, even after their arrest and when they "no longer pose a threat, according to a new poll.


A foto ao lado mostra como os soldados israelenses deixam as casas e escritórios palestinos que ocupam durante um dia, dois ou uma semana, como aconteceu com a família Haddad que foi sequestrada no dia 07 de novembro durante 26 horas.
Israeli soldiers detain Palestinian family Haddad in their home for 26 hours and wreak havoc on YAS center. As they always do at homes and offices in the occupied territories.

Born in 48

Mawtini com legenda em inglês/ Mawtini with English lyrics