domingo, 30 de março de 2014

A Des/Ordem Mundial dos Dois pesos e Duas medidas


Anonymous manda recado para Israel: Pare com seu terrorismo eletrônico, ou...
SourceFed: Anonymous vs Israel

A rapidez com a qual os Estados Unidos e a União Europeia impuseram sanções econômicas à Rússia após a anexação voluntária da Crimeia é inversamente proporcional à lentíssima reação dos ditos cujos às ações ilegais de Israel na paulatina anexação do território palestino através das colônias/invasões/assentamentos civis e ocupação militar draconiana.
Pois é, tento pôr de lado a minha consciência deste crime que testemunho há anos, décadas, e também a vergonha da cumplicidade por omissão, mas minha indignação - que graças a Deus continua presente - acaba gritando para cérebro e coração a tragédia humana da minha, desta geração. Não adianta, por mais que tente distanciar-me, por mais que veja e analise os conflitos geopolíticos intermitentes fora e dentro da minha área geográfica, não enxergo nada que se compare com o abuso menosprezado pelo mundo na Palestina.
Talvez seja por isso que esta "crise" na Ucrânia/Crimeia vem me desgostando da profissão de jornalista.
Não que ache que Vladimir Putin tenha razão de sair recuperando o terreno russo que o desleixado Boris Yeltsin perdeu no desmantelamento da União Soviética. Não. Mas também não acho que, apesar da contra-informação estadunidense, Putin queira expandir seu país além de suas fronteiras socio-linguistico-culturais ou que queira invadir a Ucrânia inteira - nem o Leste está cogitado, apesar dos russos que lá moram.
É que de fato embora a Organização das Nações Unidas tenha sido criada no pós-choque da Segunda Geurra Mundial a fim de unir as nações exauridas de violência em uma tentativa de criar diálogo entre elas, paridade, e sobretudo, prover justiça a fim de evitar guerras, o mundo continuou desgovernado.
Enfim, não desgovernado deveras. E sim governado por um pensamento único que é o dos Estados Unidos da América, que ao invés de respeitar o desejo da maioria e investir no interesse comum que asseguraria a paz global, impôs e impõe, inexoravelmente, seu desejo na vizinhança e alhures sempre em benefício próprio.
Esta crise na Ucrânia é mais uma prova da miopia gringa em sua política internacional incoerente e improvisada que cria problemas difíceis de serem resolvidos mais tarde.
Minha descrença com minha profissão é que pouquíssimas mãos botaram o dedo na ferida e mostrar que a tragédia que corrói o mundo não é a anexação de uma região majoritariamente satisfeita de ser anexada e sim a política inclemente dos dois pesos e duas medidas.

A Crimeia abençoou em referendum a anexação à Rússia que já está pronta para soltar verba de milhões para desenvolver o turismo na região, criar emprego e facilitar o trânsito através de uma ponte a ser construída entre a península e o "continente" russo.
Porém, a vontade popular foi considerada irrelevante para os países ditos civilizados que queriam por tudo estender seu mercado à Ucrânia sem o ônus de gastar euros, libras ou dólares. Mas soldados e armas da OTAN já estão marchando em sua direção.
Putin foi banido do G8 para Obama cantar de galo pelo menos uma vez durante seus mandatos e aproveitou para levantar a voz sem concorrência.
E para quê?
Para acabar tendo de abaixar o facho uma vez mais negando uma nova guerra fria acima de suas posses. Ora, no estado atual dos EUA, o país jamais conseguiria bancar um confronto econômico e militar com a Rússia sem pagar um alto preço social. Alto demais.
E não é que desgoste de Obama. Dos males  - republicanos e até a "ameaça" de candidatura democrática da madame Clinton - que poderiam/podem assolar a Casa Branca Obama é sem dúvida alguma o menor. É que infelizmente ele é fraco. Por ser vaidoso e precisar ser amado. Aí a porca torce o rabo porque para governar com eficácia é preciso ser aberto a vozes experientes e ter pulso para impor a decisão certa, em vez de conciliar, conciliar, e fazer bobagem.
É por isso que gosto da nossa presidente. Pois quer queiram quer não, ela é trabalhadora, firme e bom caráter. De forma geral, a política é mesmo representada eleitoralmente em todos os países do planeta por seres de uma baixeza ilimitável.
A resposta sensata e civilizada da Casa Branca à anexação da Crimeia era conversar com Vladimir Putin de "homem a homem" durante a reunião do G8 para saber quais eram suas intenções e dar uma basta, se fosse o caso.
Mas não, Obama optou pela resposta infantil do desagravo. Barrou Putin do baile do círculo fechado como o dono da bola escolhe o time em que joga mesmo sendo perna de pau.
Pois que bola é essa à qual Obama se agarra e carrega para todo lado?
É uma bola hipotecada à China, ao Japão, ao Brasil, aos seus credores que lhe dão corda, corda, e se os EUA não tomarem cuidado vão acabar se enforcando com ela.
Quanto à União Europeia, seguiu o dono da bola furada. Em resposta à anexação oficial da Crimeia, assinou um acordo de segurança e um pacto de cooperação com a Ucrânia. Pois o Pentágono, por seu lado, cancelara um exercício militar multinacional programado na Rússia e inventou um tal de Rapid Trident, a ser executado brevemente na Ucrânia. Mas isto não é ingerência, é cooperação. Palavras, palavras.

A ONU também votou depressa uma Resolução condenando o quê mesmo?
O referendum, a anexação solicitada e concedida pelo Kremlin, ou o fato de Vladimir Putin ter peitado o chefe do Secretário Geral que dita as regras de Washington?
Ora, até a ONU tem dois pesos e duas medidas.
Quando em 1947 a Organização teve a ideia de dividir a Palestina, os palestinos recusaram a medida ipso facto.
O país estava sob mandato britânico e ninguém na Grã-Bretanha nem na ONU teve a ideia de um referendum nacional.
Ninguém teve a ideia democrática e justa de submeter ao julgamento dos nativos o destino ao qual a divisão condenaria suas vidas.
Portanto, quando Israel declarou unilateralmente seu Estado após massacrar centenas de homens, mulheres, anciãos e crianças palestinas, e destruir mais de 500 cidades forçando o êxodo de cerca de 700 mil palestinos aterrorizados, nem os países europeus nem os Estados Unidos impuseram qualquer tipo de sanção a Israel.
Aliás, os Estados Unidos reconheceram o Estado de Israel rapidinho e se tornaram, desde então, seu fiel padrinho. Como todos sabem, mas poucos dizem.
Mais tarde, quando Israel anexou militarmente (sem referendum dos palestinos), no dia 28 de junho de 1967 Jerusalém Oriental inclusive a Cidade Antiga - submetendo os residentes palestinos à sua juridição sob ocupação militar, a ONU suspirou, é verdade; mas não agiu.
Quando Israel tirou da Síria o território sírio que compreendia as colinas do Golã (nascente do rio Jordão) a fim de sequestrar a água dos palestinos, e anexou a região totalmente povoada por sírios a seu Estado, ninguém deu um pio.
Enfim, a bem da verdade, ambas anexações foram invalidadas por várias Resoluções das Nações Unidas, como a 269, 478 e 497.
Todas elas rejeitadas por Israel sem que esta rejeição lhe custasse nada.
No dia 20 de março, enquanto a crise ucraniana prosseguia, a Administração Civil de Israel desafiou com a arrogância que lhe é peculiar as negociações de paz anunciando a construção de mais duas mil residências ilegais nos assentamentos/colônias/invasões na Cisjordânia.
Alguém do G8 disse algo? Houve sanções de algum lado?
Se tiver havido, eu não vi nada.
O que vi, e tenho visto, foi diplomatas estadunidenses tentando convencer a União Europeia a não aderir ao boicote das empresas israelenses instaladas ilegalmente nos territórios palestinos ocupados.
Atualmente há dezenas de empresas e 121 invasões/colônias/assentamentos israelenses na Cisjordânia subsidiadas pelo governo e por milionários sionistas do mundo inteiro. Inclusive brasileiros.
(Só não sei é se no Brasil também as operações financeiras destes magnatas tupiniquins que financiam o apartheid e a limpeza étnica dos palestinos é isenta de impostos como é nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha, na Austrália e no Canadá. Também não sei se algum jornalista brasileiro investigativo independente já descobriu e denunciou esta manobra de sonegação indecorosa da qual tenho certeza que a maioria absoluta dos meus compatriotas discorda e combateria, se fosse informada.)
Este dinheiro que sionistas abastados desviam de nossos cofres vão diretamente para os territórios ocupados para patrocinar as residências ilegais de cerca de 500 mil invasores judeus civis na Cisjordânia e empresas piratas como Sodastream, Ahava e tantas mais. E o número só está aumentando, graças a patrocínios e incentivos fiscais.
E estes imigrantes indesejados não apenas roubam terra dos palestinos como também queimam suas lavouras, envenenam cisternas e animais, contaminam água e terra despejando esgoto, atacam meninos a caminho da escola, intimidam, surram, atiram, atropelam e fogem, enfim, recorrem a todo tipo de agressão física e verbal; e tudo isso, impunemente. Protegidos pelos soldados da IDF - Forças Israelenses de Ocupação, que olham e quando não ajudam, cruzam os braços.

Nos últimos meses, enquanto a crise na Ucrânia roubava a cena internacional, na Cisjordânia, a ocupação continuou de vento em popa e em Tel Aviv continuaram os planos de demolição da mesquita Al-Aqsa para a cosntrução de um Terceiro Templo com filme de propaganda e tudo o mais.
(O primeiro foi construído por Salomão; o segundo por Herodes, destruído pelos romanos no século I DC.  Dois séculos mais tarde os romanos erigiram no local uma basílica para Nossa Senhora com um complexo cristão comum na época, compreendendo escola e hospital. Tudo destruído pelos otomanos que ergueram a mesquita Al-Aqsa - nome de Jerusalém em árabe. O Muro das Lamentações é tido por uma ruína do templo israelita, mas poderia ser também do complexo da basílica. Só Deus sabe de verdade.)

Trocando em miúdos, a anexação que a Rússia fez da Crimeia validada expressamente em referendum popular me parece incomparavelmente menos agressiva e menos trágica do que a que Israel vem fazendo há 67 anos na Palestina. Com a cumplicidade internacional.
A judenização de Jerusalém também tem sido uma afronta às leis internacionais. O governo de Israel vem procedendo há anos a coerção, desapropriação e "remoção" dos palestinos que ainda "teimam" em morar nas casas milenares herdadas de seus antepassados.
Trocando em miúdos, a limpeza étnica está sendo feita de maneira constante e evidente. Nem disfarçada é porque os israelenses sabem que na estória dos Dois pesos e Duas medidas, seu padrinho na Casa Branca sanciona Putin por ter anexado um território que suplicava por isso, porém, fecha os olhos a seus crimes hediondos sem perder o sono.
Ora a Quarta Convenção de Genebra é clara em seu Artigo 53: "Any destruction by the Occupying Power of real or personal property belonging individually or collectively to private persons is prohibited."
Na Palestina, os israelenses despojam à vontade. Tanto os colonos/invasores civis quanto os soldados - os testemunhos dos reservistas do Breaking the Silence neste sentido são inumeráveis.
Por que vir ao socorro de ucranianos prestamente e negligenciar o povo palestino décadas a fio como se merecessem menos?
É incompreensível e uma vergonha inexplicável.

Quando a chamada comunidade internacional - ou seja, os países ocidentais mais desenvolvidos do planeta - despreza a tal ponto uma nação e um povo acobertando atos horrendos de um outro, não é apenas este povo, palestino, que é atingido brusca e violentamente pela hipocrisia dos líderes destes países que decidem o que é perdoável e o que é condenável de maneira amoral. Somos todos nós cidadãos do planeta Terra. Você, eu, brasileiros, ingleses, indianos, sul-africanos, e as próximas gerações que também correm risco de ser vítimas do des/governo da cínica des/ordem mundial dos dois pesos e duas medidas.
Obama está reclamando veementemente dos países da União Europeia decidirem diminuir o orçamento militar a fim de aguentar a crise com menos ônus social. Argumenta que todos têm de contribuir na luta pela segurança.
Segurança de quem mesmo? E a que preço?
O mundo só será seguro quando o único exército for o da Organização das Nações Unidas.
O mundo só viverá em paz quando o Secretário Geral da ONU, apoiado pela Assembleia de 194 países - a Palestina incluída - for o árbitro supremo nos conflitos e regulamentações internacionais sem nenhuma espada de Dâmocles pendendo sobre sua autoridade.
Até lá, sou pessimista. Não tenho nenhuma dúvida que a desordem reinará através da vontade soberana do Pentágono e do Capital dos 1% que elegem o Presidente dos Estados Unidos e decidem aleatoriamente nosso presente e nosso futuro sem aprender nada da História e pisoteando o passado.

PS. Atualmente, a Des/Ordem Militar Global é a seguinte, entre os dois elefantes:
The thaw of the US-Russian "reset" that led to the New Strategic Arms Reduction Treaty (New Start) in 2010 has passed and the disarmement process is largely frozen.
The reductions in both countries' strategic arsenals to the 1,550 deployed strategic warheads agreed four years ago do appear to be going ahead. 
Nevertheless, Putin has made clear that he has little interest in a more ambitious follow-on treaty that would have addressed the issue of tactical nuclear weapons in Europe, because of the "threat" of an US major presence in his borders.
The US has an estimated 150-200 such weapons: B61 gravity bombs, based in Netherlands, Belgium, Germany, Italy and Turkey.
Russia has 2,000 warheads for short-range missiles and artillery shells. 
Putin wants to link negotiations on tactical nuclear weapons to the issue of US missile "defence" sites in Europe. Washington insists that the system under construction is only intended "to defend against Iranian and North Korean threat". The US has cancelled the last and most capable phase of the project, but given the US ambiguous position, Russian leader has shown little interest in further discussion. 
Voices within Nato arguing for unilateral confidence building steps, such as the removal of the obsolescent B61 bombs from Europe, have been muffled, and in US Congress there is more support for spending money on upgrading the US arsenal rather than on disarmament.
Therefore, there is no "Cold Peace" in sight. 

Palestine Marathon for Free Movement 2014

domingo, 23 de março de 2014

Israel vs Palestina: História de um conflito LII (10-12 2005)


Em outubro de 2005, os rastros dos blocos de invasões civis israelenses ainda eram visíveis na Faixa de Gaza, mas os gazauís já se sentiam menos abafados, apesar da omnipresente e onipotente presença da IDF.
Enfim, talvez  eles se sentissem mesmo era menos apertados em seu território cercado.
Shabak continuava à espreita e deu continuidade à campanha de assassinatos de líderes da resistência palestina. Desta vez a IDF executou Luay Saadi,  figura eminente no Jihad. E este respondeu com um ataque.


Na tarde do dia 26 de outubro Hassan Abu Zeid, de Qabatya, cidadezinha localizada no maltratadado município de Jenin, chegou ao mercado de Hadera com seu colete explosivo e puxou o pino.
Hadera fica perto de Haifa.
Hadera é uma das primeiras parcelas de terra compradas pelo grupo sionista Yehoshua Hankin na Palestina antes desta ser rasgada durante a Naqba. Os primeiros imigrantes europeus chegaram em 1891, começaram com uma fazenda, com outras levas a foram tansformando em povoado até o núcleo judeu virar cidade em 1948. Logo desenvolveu-se bastante graças à mãozinha dada pelo banqueiro Edmond de Rothschild (um dos maiores patrocinadores político-econômicos do Estado de Israel). A partir da década de 60 cresceu graças ao financiamento de sionistas australianos, brasileiros (como seria bom que investissem no nosso próprio país!) e estadunidenses.
Foi lá, em Hadera, que o palestino de 20 anos foi explodir em uma barraca de falafel levando consigo 7 israelenses e deixando para trás cerca de 55 feridos.

Ariel Sharon ordenou em seguida um ataque aéreo da Faixa de Gaza, sem impor nenhuma regra ética. A IDF podia bombardear à vontade, já que não precisava nem tomar cuidado com os colonos que tinham partido. O campo estava inteiramente livre. Embaixo, só tinha gazauís cujas vidas pouco valiam.
Portanto, mesmo com o atentado suicida, o mês terminou com mais mortos do lado palestino, pois os soldados da IDF continuavam à caça e tinham boa mira.
Prova disso foi que no dia 03 de novembro um deles atirou à queima-roupa em um menino de 13 anos na Cisjordânia fazendo mais uma vítima infantil. Uma a mais.
Nem sei porque falo neste garoto. Talvez por ele ter sobrevivido e hoje ser um rapaz, deficiente físico. Como tantos palestinos que quando criança recebem tiro no joelho e por falta de assistência médica bloqueada pelas barragens, no pior dos casos morrem ou perdem a perna, e no melhor, mancam para sempre.


No dia 14, Condoleezza Rice disse que havia um "agreement in sight" para proporcionar aos palestinos liberdade de movimento entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
Palavras.
A manchete do mês não foi a Secretary of State estadunidense e sim o Primeiro Ministro israelense.
O general Ariel Sharon deu um golpe político que deu no que falar. Como a oposição à sua candidatura no Likud aumentava, o que ele fez? Deixou o partido e criou outro pseudo-centrista que chamou de Kadima.
Enquanto isso, a IDF continuava ativa na Cisjordânia aterrorizando familias e prendendo palestinos de todas as idades.


Aí dezembro chegou com um terceiro atentado suicida no  shopping center Sharon, na cidade israelense Netanya. Também organizado pelo Jihad.
Por volta das 11h30, Lotfi Amin Abu Saada explodiu na porta do centro comercial levando consigo cinco pessoas e ferindo umas quarenta.
O rapaz de 21 anos era de Tulkarm, cidade matracada constantemente pela IDF durante e antes da Intifada. Ele tinha uma história familiar de perdas e perdas, o que não justifica o ato violento, mas o explica bem que mal.
A IDF reagiu à reação, é claro. Com a desproporção violenta de sempre.


"Não tenha medo, seu coração é de pedra."

Na segunda quinzena do mês de dezembro o general Ariel Sharon teve um "minor" ataque cardíaco e saiu do hospital dizendo que voltaria ao trabalho loguinho.
Por trabalho queria dizer à batalha pela re-eleição no início de 2006. Sua plataforma era a mesma, segundo ele; ou seja, "terminar" o conflito com os palestinos.
Só não repetiu quais eram os meios.
O ano de 2005 é considerado o último da Segunda Intifada em que cerca de cinco mil pessoas perderam a vida e cerca de 30.000 sofreram ferimentos mais ou menos graves.
As estatísticas da ONG israelense B'Tselem, entre setembro 2000 a 2005 são as seguintes:   
Vou apresentá-las abaixo com os gráficos da B'Tselem.    
     
3.218 palestinos foram mortos pela IDF na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Dentre eles, 657 eram menores, 187 foram executados sumariamente em ataques premeditados e 296 foram mortos durante estas operações de assassinato, incluindo 29 meninos.          
56 palestinos foram mortos pela IDF em Israel. Inclusive um menor.       
41 palestinos foram assassinados por colonos judeus na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Inclusive três meninos (dezenas foram e continuam a ser feridos quase diariamente).   
Mais de 30.000 palestinos feridos terminaram o ano de 2005 com sequelas graves e o triplo com sequelas menores.

Quanto aos israelenses, 444 civis foram mortos em atentados suicidas da resistência palestina além da Linha Verde, em território israelense.  Oitenta deles menores.
223 colonos foram mortos pela resistência em ou perto de invasões judias na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Inclusive 37 menores.
285 soldados da IDF foram mortos em confronto com a resistência palestina em Israel, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.          
Cerca de 3000 feridos israelenses terminaram o ano de 2005 com sequelas mais ou menos graves.

47 judeus estrangeiros morreram em atentados suicidas palestinos em Israel, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Israel matou 10 cidadãos estrangeiros (entre eles jornalistas e ativistas pacifistas) na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

Em retrospectiva, a Segunda Intifada ou Intifada Al-Aqsa começou em setembro de 2000 quando o general Ariel Sharon, protegido por 1.000 soldados da IDF, forçou entrada no pátio da mesquita Al-Aqsa, na parte palestina da Jérusalem antiga.
E lá, pavaneou-se como um conquistador: "The Temple Mount is in our hands."
Repetiu com ardor provocador esta frase famosa em Israel, pronunciada em junho de 1967 na rádio quando a IDF com seus tanques e caterpillars armados invadiu a última parte de Jérusalem que Israel ainda não surrupiara dos palestinos durante a Naqba.
A mensagem de Sharon era para seus compatriotas cujo apoio contava para eleger-se pelo Likud,  seu partido de então, no pleito que se aproximava.
Porém, a reação imediata veio dos palestinos já frustrados e irritados com o fracasso dos Acordos de Oslo e o colápso das últimas negociações entre Ehud Barak e Yasser Arafat em Camp David.
O general buldozzer, como Sharon era conhecido, conseguiu ser eleito. Aliás, sua carreira foi cimentada na desgraça de palestinos e libaneses.
Sharon foi o planificador da invasão do Libano na década de 80; foi o responsável pelos horrendos massacres nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Shatila no sul de Beirute, em 82; foi o arquiteto dos "empreendimentos" de ocupação concreta através das invasões civis judias, chamadas por uns "assentamentos" por outros "colônias", e do muro de separação, com o propósito firme e claro de roubar terras além da Linha Verde e inviabilizar a criação de um Estado Palestino de terras continuas na Cisjordânia - ou simplesmente, de um Estado, nem mais nem menos.

Em 2000, a revolta que começou com uma centena de pessoas jogando sapato no "conquistador" israelense, piorou em seguida quando a IDF atirou na passeata de estudantes matando sete deles na hora e ferindo dezenas na mesma leva.
Ouvia-se das mesquitas gritos no alto-falante dedicado à reza: "Está havendo um massacre! Chamem ambulâncias! Chamem ambulâncias" E estas eram bloqueadas nas barragens, os jovens perdiam sangue e o desespero ia aumentando assim como a raiva pela impotência.
Em poucas horas ouvia-se na Cisjordânia inteira uma reivindicação única e uníssone: Queremos uma Intifada!
Passeatas surgiram nas principais cidades e os soldados da IDF, perdidíssimos no caos que haviam provocado por estarem/serem despreparados, continuaram a atirar com munição real.
E aí aconteceu o irreversível.
Um ato covarde captado por câmeras de televisão francesa: a execução a sangue frio do menino Mohammed al-Durrah em Gaza por um sniper israelense.
As imagens do menininho - aterrorizado, em prantos, agarrado ao pai que tentava escondê-lo das balas - correu o mundo e indignou o planeta inteiro. As mentiras israelenses para acobertar o crime indignaram ainda mais os estrangeiros que seguiam o malfeito.
Enquanto os estrangeiros se chocavam com o assassinato do menino indefeso, em Israel, os palestinos-israelenses aderiram à Intifada e passeatas pulularam na Galileia em cidades majoritariamente habitadas por palestinos cristãos, como Nazaré. E lá também a IDF abriu fogo e matou 13 palestinos de cidadania israelense.
O assassinato de Mohammed al-Durrah acordou as ONGs internacionais de Direitos Humanos, a ONU, e as denúncias dos horrores que Israel estava cometendo choveram de todos os continentes - embora a mídia televisiva, com exceção do caso de al-Durrah, continuasse a privilegiar imagens dos atentados suicidas da resistência palestina a fim de dar aos israelenses o papel de vítimas.
"Vítimas" mais bem equipadas do planeta e poderosíssimas.
Amos Malka, chefe do Serviço de Inteligência da IDF declarou ao jornal Haaretz que só no primeiro mês da Infidada Al-Aqsa os soldados israelenses atiraram 1 milhão e 300 mil balas nos territórios ocupados. Malka disse na época: "This is a strategic figure that says that our soldiers are shooting and shooting and shooting," Malka said about what amounted to some 40,000 rounds a day. The significance is that we are determining the height of the flames."
O resultado deste uso record de munição foi que em dois meses, no fim do ano de 2000, mais de 275 palestinos tinham sido enterrados e milhares estavam feridos. A IDF perdera 19 soldados.
Os jovens palestinos jogavam pedras e coqueteis Molotov contra tanques e serviam de tiro ao alvo de snipers que atiravam do alto, de helicópteros da IDF, como caçadores atirariam em um rebanho compacto.
"When the soldiers began to fire on the crowds, people knew that their role was finished and participation quickly declined. It was a war," disse Kamel Jaber, membro da ala política do PFLP (Frente Popular de Libertação da Palestina) em 2003.


A Primeira Intifada (1987-1992) foi definida pela desobediência civil generalizada. Greves, pedradas e estilingadas para protestar contra medidas drásticas do ocupante, inclusive contra a célebre ordem infame dada pelo futuro "liberal" Yitzhak Rabin de "break the bones of stone-throwing Palestinians".
Mas apesar da dureza da IDF, os jogadores de pedras e os grevistas aguentaram firme durante meses.
Logo no início da Segunda Intifada ficou claro que ela seria diferente da primeira.
O general Ehud Barak, então Primeiro Ministro, foi ainda mais violento do que seu mentor, o general Rabin, e usou e abusou de suas forças armadas desde o início, sem comedimento, deixando explícito que as passeatas e os protestos pacíficos seriam impossíveis.
A eleição de Ariel Sharon já no início do ano seguinte foi a maior prova que a resistência pacífica era uma quimera mais do que impossível.
A violência dos soldados ao invadir as casas aumentava, as humilhações nas barragens e as prisões se multiplicavam e foi aí que começaram os atentados. E não o contrário.
Ação e reação.
Aliás, falando em bombas-suicidas, na época, perifericamente, falava-se muito no assunto.  
Robert Pape, cientista político professor na Universidade de Chicago e e chefe do Project on Security and Terrorism, estudou bem os atentados suicidas e foi contundente em seu livro Dying to Win: The Strategic Logic of Suicide Terrorism:
"Suicide attacks are always one of last resort", disse Pape. "What you see is that it almost always comes later, after the ordinary violence - when you have ordinary violence that doesn't rollback the occupation." E cita a Palestina como exemplo. Lá, todas as facções políticas foram envolvidas nos atentados suicidas, sem distinção de ideologia em 'micro'. O que importava era a resistência, em 'macro', ao ocupante.
"Religion itself has very little to do with it. The core issue with what is called Palestinian terrorism is a response to the loss of autonomy in the West bank and Gaza."
Mahmoud Zahar, co-fundador do Hamas, em 2005 também se exprimiu sobre a assimetria do conflito que obrigava os palestinos a recorrer a atos desesperados.
"How do you expect people facing such aggression to stop [using] one of the methods that sends a clear message that if you are going to kill my son, your son should expect to be killed.
Just give us, as the Israelis have, helicopters, guns, tanks, and so on - and at that time we are going to face army for army.
But if you are going tie my hands and throw me into the sea and tell me I am not allowed to use my legs - this is nonsense. We are not playing in a movie here. We lost our people, our houses, our future - they destroyed everything in our lives. We are fighting to live."
Robert Pape, por sua vez, acha que "In terms of producing political or strategic results, what you see is that suicide 'terrorism' is significantly effective at the strategic level."
Mas como a capacidade militar de Israel é ilimitável, como disse Schweitzer, diretor de programas de terrorismo no Israeli Institute of National Security Studies, "There is no question that suicide attacks were efficient in the sense that the Israeli casualties were very high...Of course, the Palestinians also paid a price for it, in terms of the Israeli firm hand and the [determination] to fight filthy against it."
E que determinação!
Moshe Ya'alon, encarregado das operações militares de 2002 a 2005, descreveu a "guerra" contra a Intifada como um esforço de enfiar na cabeça dos palestinos que eles jamais conseguiriam vencer através de luta armada.
"Because if we do not do that, Israel will be in serious trouble," declarou Ya'alon em uma entrevista ao Ha'aretz.
Foi assim que na Operação Defensive Shield em 2002, quando a IDF invadiu a Cisjordânia e reocupou as principais cidades palestinas na maior operação militar desde a guerra de 1967, a ordem era usar a violência "necessária" a intimidar a resistência.
O resultado foi mais de 500 palestinos assassinados no período e seis mil presos, segundo relatório da ONU sobre a invasão de Jenin.
E apesar de todo o aparato militar de tanques apoiados por aviões e helicópteros de combate à "Apocalipse Now", por incrível que pareça, o pequeno Golias encarnado na população de Jenin e a Brigada al-Aqsa, braço armado do Fatah, resistiu ao assalto de mais de 1.000 soldados da IDF durante dias. Até o campo de refugiados ser transformado pelas bombas largadas do alto em uma grande cratera vulcânica e as ruas, as casas, serem esmagadas pelos caterpillars armados que deixaram mais de 4.000 pessoas desabrigadas. Em dez dias, 52 palestinos foram mortos. A IDF, apesar de toda a parafernália bélica sofisticada, perdeu 23 soldados no que ficou conhecido como a Batalha de Jenin.

Além desta e de outras operações pontuais, a Intifada al-Aqsa foi palco também de operações a médio e longo prazo.
A mais perversa a curto, médio e longo prazo foi a chantagem e cooptação de palestinos para transformar cidadãos normais em espões/dedos-duros; ou seja, palestinos forçados a informar e a denunciar familiares, amigos, enfim, outros palestinos. Como os ingleses fizeram com os irlandeses e os nazistas com os franceses.
A mais desastrosa foi a operação de assassinatos. Só entre novembro de 2000 e setembro de 2004, Israel procedeu a pelo menos 273 execuções sumárias.
Dentre elas, as de líderes históricos influentes como Abu Ali Mustafa, secretário geral da PFLP, em 2001 e em 2004, os líderes criadores do Hamas, o Sheikh Ahmed Yassin e Abdel Aziz Rantissi.
Durante esta campanha famigerada, um fato marcante ocorreu em julho de 2002. Um avião israelense jogou uma bomba de 2 toneladas em um bairro residencial de Gaza. Na casa onde se encontrava Salah Shehade, chefe das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, com sua família. Quinze pessoas morreram junto com Salah, inclusive sua mulher e seus nove filhos.
Esta "operação" foi bastante criticada até em Israel, ao ponto de inspirar o que ficou conhecido como a "pilots' letter" - declaração assinada por vários pilotos da Força Aérea Israelense que se recusavam a participar de bombardeios nos territórios palestinos ocupados.
Na época, Dan Halutz, chefe da FAI, disse para os pilotos que haviam jogado a bomba não ficarem com nenhum remorso: "Sleep well at night, knowing that you are not responsible for the contents of the target. Your execution was perfect. Superb ... You did exactly what you were instructed to do."
Incrível.
A retaliação da resistência à chacina foi contra um único alvo. O PFLP não queria responder com o mesmo grau de violência e assassinou um politico do partido "União Nacional", de extrema-direita, e então ministro do turismo. O general Rehavam Ze'evi. Foi baleado por um membro da resistência em outubro de 2001, no hotel em que estava hospedado em Jérusalem, na Cisjordânia.
Em 2002, da Muqata'a de Ramallah sitiada, Yasser Arafat, que se encontrava em prisão domiciliar (até sua morte em 2004) ordenou a prisão dos culpados pelo assassinato do general-ministro, em Ramallah. Mais tarde a IDF invadiria a prisão de Ramallah, sequestraria os prisioneiros e os levaria para um "centro de detenção" israelense, além da Linha Verde...
As operações de assassinato organizadas pelo Shabak para a IDF levar a cabo prosseguiriam até depois de 2005.
Segundo Schweitzer, "The assassinations were a crucial element in "containing" the uprising... Of course, the contribution of the IDF in the cities was crucial, and the establishment of the fence was a major component, too.
The Palestinians suffered major losses in their leadership, their senior leadership, because most of them were either killed or in prison."

Apesar da pressão e da violência crescente da IDF e dos colonos israelenses na Cisjordânia, o fim da Intifada foi uma vontade política dos palestinos. Estavam cansados de guerrear na arena das armas, na qual se encontravam em posição extremamente fraca e literalmente, desarmada, e desentendidos com a cobertura pro-israelense da mídia internacional que lhes dava o papel de bandidos sendo que era evidente que eram eles as vítimas.
Em 2005, o Fatah e o Hamas resolveram usar o palco político para exprimir-se, e os palestinos, o BDS Movement, como ação pacífica positiva.
O ano de 2006 veria o Hamas apresentar-se às eleições democráticas a fim de conquistar terreno pelas vias públicas, legais, batalhando às claras.
Porém, os politiqueiros guerreiros israelensens não permitiriam, jamais, que a paz reinasse tão facilmente.
Sobre isso, Aziz Dweik, um dos líderes do Hamas na Cisjordânia, diria: "If things went as they were expected to, yes. They were really pretty close to having a solution to what they call resistance. But they were not given the chance. I think in the future Israel will be sorry for that."



Supporting Palestinian state-bid - in Tel Aviv  Nov.29 - Uri Avnery spoke as veteran of the two states idea"The Hamas movement officially opposes the very existence of the State of Israel, and here I stand on the podium speaking in Hebrew about peace between Israel and the future State of Palestine.
Did they protest? On the contrary, they applauded, and after the event I was invited to lunch with the respected sheikhs.
That was in 1994, and perhaps the background requires some explanation: a year before, Prime Minister Yitzhak Rabin decided to expel from the country 415 Islamic activists. The Chief-of-Staff, Ehud Barak, testified in court that this measure was absolutely essential for the security of the state. The Supreme Court confirmed the expulsion.
The activists were taken by bus to the northern border, but the Beirut government did not allow them to be deported into Lebanon. For a whole year, the expellees vegetated in tents in an open field between the two armies, exposed to the rain and the cold in winter and to the burning sun in summer, until they were finally allowed to return.
I considered the expulsion a grievous violation of human rights, as well as politically foolish. So I proposed, in a "Peace Now" meeting, the setting up of a protest tent in front of the Prime Minister's office. The leaders of Peace Now did not agree with protesting against an act of the Labor Party leader. But some other peace activists combined to set up the tent, together with leaders of the Arab community in Israel, both religious and secular.
We spent 45 days and nights together. Some days, snow was falling and the cold was bitter. Bedouins from the Negev and activists from Arab villages brought us food and coal-burners, women-activists from Jerusalem brought us a large kettle of warm soup every evening. Owing to our profound disappointment with Peace Now we decided there and then to found a new peace movement. That's how Gush Shalom came into being.
I was curious how the Islamic militants would behave towards us upon their return. I was very pleased when they decided to express their gratitude publicly: together with my friends, the tent dwellers, I was invited to that event in Gaza. There I met several of the people who are now leading Hamas, after the assassinations of Sheikh Ahmed Yassin, who was in prison at the time, and Abd-al-Aziz al-Rantisi, who was one of the expellees.
I remembered this experience when I heard that at tomorrow's meeting with Condoleezza Rice, Ariel Sharon will demand that the Americans refuse all contact with Hamas representatives who are running for office in the coming Palestinian elections. Official spokesmen also expressed their anger at the decision of the EU to allow diplomats "beneath the rank of ambassador" to meet with them.
Sharon now demands the exclusion of Hamas from the elections, as long as they do not officially recognize the State of Israel and abjure terrorism. More than that: he has already declared that there will be no peace negotiations until the Palestinian Authority destroys the "terror infrastructure" (meaning: Hamas) and disarms it.
That, too, reminds one of something. For years, successive Israeli governments had demanded that all the world boycott the PLO, until it abolishes the "Palestinian National Charter". This document, dating from the 60s, called for the dismantling of the State of Israel. Later, the PLO adopted many new resolutions that negated the Charter and recognized Israel. In the 1993 Oslo agreement Yasser Arafat gave up 78% of the country of Palestine that existed until 1948. But nothing helped. For many years, Israeli propaganda was riding on the miserable Charter in order to justify an extreme anti-Palestinian policy, until the Palestinians - much to the chagrin of many Israelis - abolished it altogether.
That created a vacuum. Sharon is now using Hamas to fill it.
One of the more colorful idioms of the English language is "red herring". That is a smoked herring (the red color is imparted to it in the process of smoke-curing) that has a strong smell. A person being chased by dogs draws it across his path in order to distract the animals so they lose the trail.
Much as his predecessors used the PLO Charter, Sharon is now using Hamas to distract attention from his promise to immediately dismantle the settlement "outposts", freeze the settlements and start political negotiations with the Palestinians. He draws the herring across the Road Map.
As for the matter itself: Is the participation of Hamas in the elections a good or a bad thing, as far as Israeli interests are concerned?
I say that it's a good thing.
Some 30 years ago, I called for negotiations with the PLO, which was then considered a terror-gang and a bunch of murderers. At the time we coined the phrase: "Peace is made between enemies". Today that applies to Hamas, too. There is no doubt that Hamas is about to win a significant share of the vote in the parliamentary election, after it achieved excellent results in the recent municipal elections. It does not get these votes because it refuses to recognize Israel. Rather, there are two main reasons for its success: the prestige it has acquired for valiantly fighting against the Israeli occupation and its being untouched by the corruption that marks some of the other personalities and factions.
The Palestinians consider the violence, which is usually referred to in Israel as "terrorism", to be legitimate resistance. They believe that Israel would not have decided to leave the Gaza Strip if not for the armed struggle, since Israel, according to their belief and experience, "understands only the language of force". Until now, no one can point to a single achievement of the Palestinians that was attained by any other means.
It is an irony of fate (or a triumph of folly) that Hamas was created, in fact, with the help of Israel itself. Much as the Americans created the al-Qaeda of Osama bin-Laden in order to fight against the Soviet army in Afghanistan, Israel supported the Islamic movement in the occupied territories as a counterweight to the PLO. The assumption was that pious Muslims would spend their time praying in the mosques and would not support the secular PLO, which was then considered the arch-enemy.
But when the first intifada broke out at the end of 1987, the Islamists organized as Hamas (the Arabic initials of "Islamic Resistance Movement") and quickly became the most efficient underground fighting organization. However, the Security Service started to act against them only after a whole year of the intifada had passed.
Now the existence of Hamas is an accomplished fact. It has deep roots in the community, also because of its widespread social services which were initially financed by the Saudis and others.
Historical experience shows that such movements tend to become more moderate as they are integrated in the political system. A movement that has ministers in the cabinet, a faction in Parliament and mayors in towns and villages, acquires an interest in stability. True, in the beginning it may cause a radicalization of the style of the Palestinian National Authority, but in the long run it will make the achievement of a settlement much easier.
If one wants a real peace that will be accepted by the whole Palestinian public, one should bless the integration of Hamas in the Palestinian political system. But if one wants to obstruct peace in order to annex most of the West Bank to Israel and preserve the settlements, it is logical that one opposes it - as Sharon does.
Uri Avnery, junho de 2005



PS ATUALIDADE: No dia 22 de março os palestinos celebram o Dia da Água. É também o dia de início de uma campanha internacional de uma semana ativa contra a multinacional israelense MEKOROT.
(Blog de 21/11/210)
Há anos Mekorot vampiriza a Cisjordânia onde enriqueceu furtando os recursos hídricos dos palestinos e os deixando à míngua. Enquanto isso, assina contratos milionários com governos estrangeiros mal informados ou mal intencionados. Confira no link abaixo os eventos em sua cidade e as razões de boicotar esta vampira de água:  http://stopmekorot.org/6-reasons-to-boycott-mekorot/
Comunicado do BDS Movement:
World Water Day sees launch of First International Week To Boycott Mekorot  
Campaigners from around the world are taking part in a week of action against Israeli national water company Mekorot, the main agent of Israeli water apartheid against Palestinians. The week launches on 22 March, World Water Day, and lasts until 30 March, when Palestinians mark Land Day in protest of Israeli systematic land and resource theft. The mobilizations come in response to a call from Palestinian organizations PENGON/Friends of the Earth Palestine, the Palestinian BDS National Committee and the Land Defense Coalition. 

Denouncing Mekorot’s Water Apartheid 

The Stop Mekorot campaign emerged out of citizen action in countries where Mekorot attempted to establish a presence through lucrative contracts often connected to water privatization drives. Mekorot claims to sell its "expertise" on water but hides its role in the persistent denial of water to Palestinians, including collusion with the Israeli military to destroy Palestinian water infrastructure, while providing unlimited amounts to Israelis. Mekorot's practices have been denounced by the UN and human rights groups yet governments have dealt with the company with a business as usual approach. However there are signs of change. In the Netherlands, Vitens the largest water supplier in the countries, ended an agreement with Mekorot just days after it signed an agreement citing Mekorot's involvement in Israel's military occupation of Palestinians. In Argentina campaigners were successful in suspending a major multi-million dollar government contract with Mekorot to build a wastewater treatment plant.  

For basic 6 reasons to boycott Mekorot see: http://stopmekorot.org/6-reasons-to-boycott-mekorot/ 

Stopping Mekorot’s water apartheid from going global 
The Stop Mekorot campaign aims to denounce partnerships with Mekorot and hold it accountable for its complicity with violations of international law and the abuse of human rights of Palestinians. To launch the week on World Water Day, campaigners have organized: 

  • a Thunderclap on twitter to raise public awareness about Mekorot at 6 pm GMT. Over 250 people have signed up to the Thunderclap with a social reach of over 300 000. 
  • The makers of the series "Apartheid Adventures" have contributed with a YouTube video that satirizes Mekorot's claims vs the brutal reality of occupation, the video can be found here:https://www.youtube.com/watch?v=xunD5IgGFyc (available in English, Spanish, Portuguese, Italian and French) 
  • Across the world campaigners are organizing actions to mark the week:
  • In Portugal, the first country to launch a campaign in 2009, activists will gather in Lisbon's main square to call for EPAL, Lisbon's water utility company, not to renew its MoU with Mekorot, up for renewal again in the summer. This follows efforts in the Portuguese parliament to denounce the contract this week. In Italy, a ‘water checkpoint’ will be presented with a street theatre performance in protest of the cooperation agreement signed between Rome's water company Acea and Mekorot.
  • A series of events and discussions will be held in Argentina, the US, Greece, Uruguay. 
  • In a dozen countries in Europe, the Americas and Asia, media initiatives and awareness raising efforts are taking place. 
The full calendar can be found on stopmekorot.org website.

To take part on the activities for the week see: http://stopmekorot.org/take-action



Documentário alemão de Leon Geller e Marcus Vetter:
The Heart of Jenin (legendado em inglês)
I (10')
II (10')
III (10')
IV (13')


domingo, 16 de março de 2014

Crimeia: A bola da vez



Crimeia, a bola da vez; própria, se o resultado do referendum for acatado com respeito; alheia, se a vontade popular for desprezada.
O blog de hoje é um tipo de continuação do de 02 de fevereiro. Parte em inglês, atendendo pedidos.
Desde o blog anterior sobre a Ucrânia, a bola da vez dos USA, Viktor Yanukovitch foi deposto e Yulia Tymoshenko assumiu a presidência por tabela de um amigo íntimo que há anos defende seus interesses.
Ou seja, a Ucrânia, como Estado, trocou o sujo pelo mal lavado; trocou a Rússia pelos Estados Unidos; trocou o empresariado nacional pela abertura às multinacionais; trocou a convivência pacífica entre suas etnias pela utopia conflituosa de uma pseudo pureza étnica ucraniana com a qual uma porcentagem mínima da população se identifica.
Trocou uma certa segurança financeira da Rússia mediante um certo cabresto pelo sonho longinquo de integrar a União Europeia, que nem pensa nesta eventualidade a curto ou médio-prazo. Quando os ucranianos entenderem que o Acordo com a UE não é o que imaginam e pelo qual abalaram seu país e sua economia, vão cair das nuvens para uma enxurrada de problemas dificilmente solucionáveis sem a injeção de muita grana.
Esta "crise" deu munição a uma encenação da Guerra Fria da qual os USA e a Rússia nunca saíram realmente desde o fim da União Soviética - a não ser durante o período de Boris Yeltsin, cuja incompetência e leviandade o jogou nos braços de Washington fazendo muita bobagem.
Os dois presidentes atuais cresceram em seus respectivos países com a cabeça sendo doutrinada para ver sempre perigo do outro lado.
Barack Obama, como a maioria de seus concidadãos (e a mídia europeia e  do nosso continente) acha que os russos são divididos em três categorias: os oligargas que se enriqueceram astronomicamente com a privatização das estatais e que só pensam em ganhar mais; os manda-chuva maudosos da era soviética que governam com mãos de ferro; a coitada da população oprimida que vive aterrorizada e se submete calada como se não tivesse vontades. E todos eles, em sua cabeça, vivem complotando contra os USA.
Vladimir Putin acredita que os estadunidenses são divididos também em três categorias que convergem em direção a uma população globalmente inculta e alienada: a minoria minoritária ultra-capitalista que controla tudo inclusive o presidente, os dirigentes manipulados por este capital que pisoteia quem não lhes for de ajuda para obter lucro de uma população que vive em função de um objetivo ilusório de adquirir as posses que vislumbram no alto da escada social. E todos acham que são os donos do mundo que mal conhecem de aulas de geografia na qual estavam pouquíssimo interessados ou nunca tiveram.
Não pretendo tomar partido nos a priori ratione de nenhum dos lados.
Deixo ao critério de quem conhece os EUA profundo e não apenas o das compras em NY, Miami e Orlando para julgar pelo menos a meia-verdade do que pensam os russos.
Quanto à Rússia, acho que a abertura e encerramento da Olimpíada de Sochi revelam seus valores reais. Que eu conheça, a geração de mais de 40 anos na Rússia valoriza a cultura e o patriotismo. No caso dos jovens vivem "torpedeando" pseudo ou verdadeiro amigos nos smartphones e desnudando sua vida íntima nas redes sociais como nos demais países conectados; mas são obrigados a adquirir uma certa cultura que falta alhures.

É verdade que os oligargas - Vladimir Putin e Yulia Tymoshenko incluídos - controlam o grande capital de ambos países.
É verdade que não sobrou nada ou apenas migalhas para os 1% de magnatas estrangeiros que dominam a economia mundial e por isto Putin virou seu pior inimigo - desde a partida de Boris Yeltsin andam soltando fogo pelas ventas por estarem excluídos desta abastança que Putin trancou com cadeado.
É verdade que Victor Yanukovitch pendia bastante para o lado do Kremlim.
É verdade que Yulia Tymoshenko, de bolsos já lotados, está se jogando nos braços da Europa para debruçar-se na sacada da Casa Branca e talvez ganhar ainda mais transofrmando seu país em uma grande sucata.
É verdade que Vladimir Putin interfere indiretamente na política interna da Ucrânia graças ao gás e às benesses econômicas.
Mas os oligarcas russos não impõem suas vontades dentro e fora do país mais do que os 1% de bilionários que ditam as regras nos Estados Unidos e no planeta inteiro.
E Barack Obama, apesar do precipitado Nobel da paz, como seus predecessores, semeia discórdia em todos os continentes em que a CIA atua às vezes por baixo, às vezes por cima do pano.
Há uma razão comum a ambos presidentes, que é a de garantir a segurança na vizinhança e sua zona de influência. A da Rússia, crescente; a dos EUA, resistindo à corrente da decadência.
Ambos são preocupadíssimos com segurança. Como o presidente dos Estados Unidos jamais concordaria em abrir mão de sua influência na América do Norte, Central (tenta na nossa), nos países árabes e de policiar até águas territoriais alheias nos oceanos próximos e alhures, o presidente da Rússia jamais permitirá navios estrangeiros às suas portas. A Crimeia fora de sua zona de influência deixaria a Rússia vulnerável.
É compreensível e legítimo. Nem o Brasil permitiria. (Alguns vizinhos nossos permitem e fragilizam nossas fronteiras.)
Aliás, a Polônia está preocupada porque todas as vezes que a Rússia foi atacada foi através de lá - Napoleão, Hitler, para só citar os dois homens de guerra mais célebres que deixaram mais devastação por ondem passaram. E esta vulnerabilidade passou a preocupar o Kremlin.


Segundo o Index-mundi, a população da Ucrânia em 2013 era de 44 milhões de habitantes. 18 % de russos (cerca de 8 milhões). Os ucranianos de nacionalidade declarada são cerca de 77% (cerca de 34 milhões), os demais são de outros países da Europa Oriental.
A divisão do país é nítida e pode ser percebida no gráfico à esquerda que mostra a população russa; e melhor ainda no resultado das eleições parlamentares de 2007, à direita.
Falando em eleição, por pior que fosse, Yanukovitch fora eleito. Os que o susbstituíram não ganharam nenhum pleito e seu impeachment foi mais do que suspeito. Foi sim por maioria parlamentar. Porém, uma maioria com muitos deputados faltando e vários votos "por procuração" dada por telefone e mediante simples apresentação da carteira partidária do político ausente cujo voto destituiria o Presidente.
É um impeachment constitucional. Contudo, amoral. Teria sido melhor esperar 2015 e eleger outro presidente de maneira democrática. É o que teria acontecido se os países interessados fianceiramente na Ucrânia não tivessem se envolvido para causar rebuliço e levantar a bola dos "rebeldes" - usando a palavra da moda.

O governo provisório está meio perdido. O "meio" na frase sendo um eufemismo. Nem ordens claras dos políticos os militares recebem direito.
A situação de hoje é complicada e simples.
A separação da Crimeia, apesar das lutas acirradas de geração no seio das famílias está sendo legitimada por plebiscito rotulado de anti-constitucional. Até a China tirou corpo fora, publicamente, já que tem rabo preso no Tibete. Mas naos bastidores...
Nestes últimos dias ouvi e li coisas de arrepiar sobre a Crimeia. Que os russos que vivem na Ucrânia e na Crimeia deviam era ir para a Rússia e que Putin não estava preocupado com seus compatriotas ameaçados e sim em anexar mais um território ao seu Estado.
Na verdade os russos que lá vivem são enraizados na terra porque são gerações a fio como os ucranianos expatriados.
E na Crimeia, além da população russófona ser majoritária, sua adesão à Ucrânia é recente demais para uma interação ter sido estabelecida de maneira irreversível. A geração de até 20 anos se vê ucraniana, mas fala russo e seus pais e avós são russíssimos, portanto...

A posição da Crimeia é estratégica no Mar Negro para aceder à Rússia. Ela fez parte da Rússia durante séculos em sucessivos impérios. Até um dia de 1954 em que Nikita Krushchev a deu de presente para a República da Ucrânia, então na União Soviética que lhe parecia una e perene, em um rompante provocando uma onda de insatisfação entre seus compatriotas de Sebastopol a Vladivostok.
Dizem as más línguas bem informadas do Kremlin que o presidente Krushchev estava bêbado quando fez esta besteira e não a corrigiu porque realmente considerava a URSS inquebrável.
Desde então, a maioria absoluta dos russos nunca parou de cogitar na recuperação da península.
Antes disso a Crimeia vivia nas mãos de uns e outros - Império Otomano, Ucrânia, Rússia - até o século XIV quando foi anexada a esta última para conhecer uma certa harmonia. A harmonia era relativa porque o conflito entre as três comunidades - russa, ucraniana, tatar - sempre existiu e talvez sempre exista.
No caso da Crimeia, o erro mesmo foi o Ocidente não ter ouvido a população em 1992 e ter forçado a barra para que integrasse a Ucrânia. O argumento foi o do presente dado na década de cinquenta; e o desejo da OTAN era de controlar águas territoriais do Mar Negro em desafio à Rússia.
Pois de fato, a maioria dos crimeus nunca quis o status quo atual.
Aliás, a Crimeia de hoje, sobretudo Sebastopol, me lembra a de 21 anos atrás.
Russos nas praças pedindo o retorno à Rússia, ucranianos reclamando da interferência do Kremlin; deputados ucranianos barrados na porta da Assembleia Legislativa (por pedirem ao ministro da Defesa da Ucrânia para rescindir o Acordo que divide a frota do Mar Morto entre a Marinha russa e ucraniana, pedido este considerado como uma provocação pelos deputados russos que compõem a maioria); e o ponto culminante, o Presidium (governo) da Crimeia anunciando um referendum para a população decidir onde e com quem fica, já que são os principais interessados.
Na década de 90 não se via sinal da revolta dos russos da Crimeia ter sido incentivada nem coagida por Moscou.
Hoje também hão há nenhuma prova disso. Apenas conjeturas.

Cartoon: Crimea against Ukrainian Nazis (large) by K13 tagged moscow,free,russia,nazi,ukraine,crimea,nationalists
O fato histórico é que com o colapso da União Soviética, o Verkhovniy Sovet, Parlamento da Crimeia, mudou o nome do país para República da Crimeia, proclamou em 1992 um governo autônomo, aprovou uma Constituição nacional e declarou adesão à Ucrânia, mediante aprovação em plebiscito. Apesar de não obter maioria, integrou a Ucrânia assim mesmo.
Boris Yeltsin, então presidente da Rússia, era tão incompetente que deixou as águas rolarem sem pensar nas consequências. Até acabar entendendo que havia uma questão de segurança nacional que tinha de levar em conta. Aí negociou o Acordo de formação de frota comum com a Ucrânia no Mar Morto.
Quando a OTAN quis instalar-se nesse Mar aproveitando de um presidente ucraniano camarada, a população da Crimeia revoltou-se e a OTAN - que se mede sem parar onde não devia, em vez de deixar a ONU resolver os conflitos para a qual foi criada - acabou recuando.
O problema atual é grave para os russos porque com os acordos comerciais que a UE oferece à Ucrânia vem também uma presença militar da OTAN que a Rússia vê como uma ameaça, com razão.
E em troca de quê? Como disse acima, tenho a impressão nítida que os ucranianos não entenderam que em nenhuma linha do contrato está marcado que seu país integrará a União Europeia. Quando cair a ficha vai ser tarde demais. E sem o dinheiro da Rússia, quem vai financiá-la?
Assunto tabu entre os líderes da revolta, no meio do governo transitório, na Casa Branca e nos palácios de governo europeus.
Sem dinheiro para governar, a jurupoca vai piar. Com certeza.

Mas não falta gente para dizer besteira. Como por exemplo Abby Martin que até o dia 03 de março só era conhecida por quem assistia o canal russo internacional Russia Today que opera nos Estados Unidos.
A jornalista virou notícia quando demitiu-se, no ar, durante seu programa, alegando, grosso modo, incompatibilidade com a editoria e dando seu apoio à Ucrânia contra a Rússia.
Foi um bafafá na mídia que aproveitou mais esta deixa para cair em cima de Vladimir Putin.
Poucos contestaram a credibilidade da âncora estadunidense que em 2003 apoiou acintosamente a invasão do Iraque.
Além disso, ela é de origem húngara. Portanto, educada com o ranço da violenta invasão soviética em 1956 para esmagar a revolta em Budapeste. Não conheço nenhum húngaro ou descendente que não tenha crescido com a lembrança dramática deste acontecimento que deixou uma raiva visceral da Rússia.
O evento Abby Martin em si revelou a visão ocidental deste conflito ucraniano. Que neste caso, como no da Síria, é nítida e obtusa a um ponto incompreensível.
Sem saber o que estava realmente acontecendo no terreno, a âncora deduziu, pelas informações que tinha da imprensa de seu país, que as que recebia de Moscou eram mentira e que a Rússia invadira a Ucrânia como o Exército Vermelho invadira a Hungria na era soviética. E declarou no ar:“What Russia did is wrong. Military intervention is never the answer, and I will not sit here and apologise or defend military aggression.”
Acontece que Abby Martin tinha acesso a duas versões distintas do mesmo evento e escolheu a que preferia, a de seu país, os Estados Unidos,  e estabeleceu, sem pensar na contradição, os dois pesos e duas medidas. Os EUA invadirem o Iraque, país soberano, situado a milhares de quilômetros, sem nenhum cidadão estadunidense que não fosse empresário e diplomata, tudo bem. Agora a Rússia invadir a Ucrânia para proteger seus cidadãos e sua segurança fronteiriça e suas fronteiras vulneráveis a ingresso terrorista, é um ataque brutal inadmissível. É o que se ouve na grande mídia.
A posição da jornalista estadunidense mostrou a diferença de informação que se recebe nos Estados Unidos e na Rússia, e, sobretudo, a sensação na própria Ucrânia conforme lado e preferência de quem se entrevista.
Segundo a grande mídia, a violência do dia 20 de fevereiro em Kiev, Viktor Yanukovych defied prevailing Ukrainian sentiment when he accepted a Russian bailout back in November, rather than the association agreement on offer from the EU. The protesters on the streets of Kiev are representative of Ukraine’s population, exercising their legitimate rights. And Yanukovkych was justly toppled.
Segundo a mídia russa, a maioria dos manifestantes era de extrema direita (os slogans fascistas foram transmitidos no mundo inteiro sem comentário dos âncoras que não entendiam a língua...); muitos participantes dos protestos estavam carregados de coquetel molotov e alguns, armados; muitas vítimas eram policiais; Yanukovych foi tirado em um golpe de Estado; o primeiro ato de seu substituto foi tentar rescindir reconhecimento similar da lingua russa. E sobretudo, o futuro da Ucrânia é ameaçador para os russos, a demonstração de força de Putin na Crimeia é justificável e bem-vinda, e sua declaração de reservar-se o direito de proteger os cidadãos e os direitos dos russos na Crimeia, idem. Sua popularidade está no auge.

Ora, os russos conhecem a história. Lembram-se e temem a bagunça da Ucrânia desgovernada de antes e após a Primeira Guerra Mundial. (Em 1918, os aliados invadiram o sul da Ucrânia para defender os Brancos, a favor dos Czares, defendidos pelo general Anton Denikine. Os franceses ocuparam Odessa, Sebastopol e outras partes do litoral até faltar meios e se retirarem por causa da hostilidade da população local. A Ucrânia foi então invadida em 1919 pelo Exército Vermelho pós-revolucionário, e 5 anos após a revolução de outubro compôs a nascente União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, conhecida como URSS, que compreendia Rússia, Belorússia, Ucrânia e Transcáucaso (Geórgia, Armênia e Azerbaijão).
Além da bagunça, os russos temem que os ultra-nacionalistas se esbaldem com o apoio dos aliados europeus que estão brincando com fogo.
De fato, embora o impeachment de Yanukovich seja constitucionalmente legítimo, já que foi aprovado por maioria parlamentar, o governo transitório é democraticamente contestável.
A extrema-direita representou um papel tão importante (diria até de primeira ordem) na deposição de Yanukovich que estão à vontade em palácio. E se a influência de tais grupos de extremistas puder ser julgada pela participação no atual governo provisório, não deixa de ser preocupante. Conseguiram sete ministérios de primeira ordem, inclusive o de vice-primeiro ministro, ocupado por Oleksandr Sych do partido neo-fascista Svoboda ("Liberdade", ironia pouca é bobagem...). Aliás, os grupos fascistas ganharam até respeito dos grupos democratas que participaram dos protestos e isto não deixa de dar um pouco de medo. John McCain, ex-candidato republicano ao governo dos Estados Unidos inclusive participou de um comício dos fascistas. Quero acreditar que por ignorância de onde estava se metendo, e não por simpatia.

Estes temores podem parecer exagerados para quem lê a mídia ocidental que irreleva tais ameaças e pinta as passeatas como guiadas por pro-europeus esclarecidos, patriotas pro-democratas, e pinta a Rússia como um perigo à soberania ucraniana e um invasor que quer tomar de assalto a Crimeia.
É verdade que os protestos ganharam os corações da maioria na Ucrânia Ocidental. Mas não no Leste.
Para que haja diálogo interno, é preciso que os padrinhos dos protestos - a Alemanha e os Estados Unidos - comecem a ver o outro lado e que a diplomacia considere o que é melhor para a Ucrânia e os ucranianos a curto, médio e longo prazo. E não o que é melhor para o capital internacional.
Se não aceitarem a independência da Crimeia agora, só vão adiar o óbvio com consequências talvez graves.
Se não admitirem a importância da população russófona e de cultura direta ou de descendência russa, vão separar famílias, provocar confrontos de gerações e de etnias, e gerar a confusão da qual os ucranianos se livraram com duras penas. Literalmente.
Quanto à legitimidade do plebiscito na Crimeia, que Barack Obama e Angela Merkel (interessados no Mar Negro e no mercado local) ainda questionam, acho que a vontade popular tem de vigorar, sempre. Além disso, o Direito Internacional não pode ter dois pesos e duas medidas. Quando a Inglaterra organizou um referendum nas Ilhas Malvinas para estabelecer a vontade da maioria da população, britânica de origem, de ser parte da Grã-Bretanha e não da Argentina, a Europa e os Estados Unidos não questionaram nem um minuto a legitimidade do sufrágio que determinava o futuro da ilha.
Como podem questionar a vontade da maioria absoluta da população da Crimeia depois disso?
Já pisaram na bola com o impeachment de Yanukovich e com o apoio incondicional à oposição que agora governa despreparada e desunida, com vários líderes pleiteando a presidência. Um saco de gatos, em suma.
O medo da Europa e dos EUA, que também têm colônias próprias - Havaí, Alasca, Irlanda do Norte, Martinica, Guadalupe, etcétera e tal - é a bola de neve. A Escócia já está cortando o cordão umbilical. A Irlanda do Norte não tardará a unificar-se à República da Irlanda.
No final das contas, cada um está cuidando do seu e ninguém está pensando na Ucrânia patrioticamente. Nem os ucranianos, que individualmente só querem os benefícios próprios que acham que a UE lhes ofereceria através de oportunidades fora de cogitação na Europa em crise.
A próxima a voltar para a Rússia deve ser a Tranisnistria, território entre a Moldávia e a Ucrânia que nunca quis ficar nem em um nem em outro destes lados, que declarou independência há anos (não reconhecida pela ONU) e que é muito próxima da Rússia.
O fato é que o tiro dos EUA e dos aliados europeus na Ucrânia saiu pela culatra com o referendum na Crimeia favorável à Rússia. Esta frustração de Obama de estar perdendo terreno para Putin levou a uma situação de desafio que pode gerar uma nova guerra fria com repercussões nocivas. Caso os aliados ocidentais não caiam na real que a Rússia e Putin, comparados com os perigos mundiais, é o menor dos males.
Enquanto isso, o governo de Israel, que pensa exclusivamente em sua expansão territorial, está com a cabeça fervendo de preocupação com a possibilidade de Putin apoiar os palestinos sem ambiguidade na luta pela independência.

TIMELINE sucinto do conflito na Ucrânia até o referendum na Crimeia:
Nov 21: Yanukovich announces abandonment of a trade agreement with the EU, seeking closer ties with Moscow which has been bailing Ukraine out for years.
Nov 30: Public support grows for pro-EU anti-government protesters who believe to be fighting for a place in the EU. The images of them bloodied by police crackdown spread online and in the media.
Dec 1: About 300,000 people protest in Kiev's Independence Square.
The City Hall is seized by activists under the command of the ultra-nationalist Svoboda party.
Dec 16: Anti-protest laws are passed and quickly condemned as "draconian" by the protesters and Western media.
Dec 17: Russian President Vladimir Putin announces plans to buy $15bn in Ukrainian government bonds and a cut in cost of Russia's natural gas for Ukraine.
Jan 22: Two protesters die after being hit with live ammunition. A third dies following a fall during confrontation with police.
Jan 28: Mykola Azarov resigns as Ukraine's prime minister and the parliamente repeals anti-protest laws that caused the demonstrations to escalate in the first place.
Jan 29: A bill is passed, promising amnesty for arrested protesters if seized government buildings are relinquished.
Jan 31: Opposition activist Dmytro Bulatov found outside Kiev after being imprisoned and tortured for eight days, allegedly at the hands of a pro-Russian group.
Feb 16: Opposition activists end occupation of Kiev City Hall. In exchange 234 jailed protesters are released.
Feb 18: More street clashes leave at least 18 dead and around a hundred injured. Violence begins when protesters, some of them armed, attack police lines after the parliament stalls in passing constitutional reform to limit presidential powers. Protesters take back government buildings.
Feb 20: Violence resumes within hours of a truce being announced. Government snipers shoot protesters from rooftops leading to deadliest day of the crisis so far with over 70 deaths.
Feb 21: Protest leaders, the political opposition and Yanukovich agree to form a new government and hold early elections. Yanukovich's powers are slashed.
The parliament votes to free Yulia Tymoshenko, the former prime minister, heavily accused of corruption, from prison. Yanukovich flees Kiev after protesters take control of the capital.
Feb 22: Ukraine politicians vote to remove Yanukovich with many absentees and some of them informally voting by proxy for the impeachment. Tymoshenko is freed from prison and speaks to those gathered in Kiev. May 25 is set for fresh presidential elections.
Feb 23: Ukraine's parliament assigns presidential powers to its new speaker, Oleksandr Turchinov, an ally of Tymoshenko who was denounced by wikileaks for having destroyed proofs of Tymoshenko's corrupt deals.
Pro-Russian protesters rally in Crimea against the new Kiev administration, which they considere illegal because of absence of many of russian-speaking political representatives.
Feb 24: Ukraine's interim government draws up a warrant for Yanukovich's arrest.
Feb 25: Pro-Russian Aleksey Chaly is appointed Sevastopol’s de facto mayor as rallies in Crimea continue.
Feb 26: Muslim Crimean Tartars supporting the new Kiev administration clash with pro-Russia protesters in the region.
Potential members of the new Ukrainian government appear before crowds in Independence Square.
Turchinov announces disbanding of Berkut - the feared riot police.
Russian troops near border with Ukraine are put on alert and drilled for "combat readiness".
Feb 27: Pro-Kremlin armed men seize government buildings in Crimea.
Ukraine government vows to prevent a country break-up as Crimean parliament set May 25 as the date for referendum on region’s status.
Yanukovich is granted refuge in Russia.
Feb 28: Armed men in unmarked combat fatigues seize Simferopol international airport and a military airfield in Sevastopol. The Ukrainian government accuses Russia of aggression.
UN Security Council holds an emergency closed-door session to discuss the situation in Crimea.
The US warns Russia of militarily intervening in Ukraine.
Moscow says military movements in Crimea are in line with previous agreements to protect its fleet position in the Black Sea.
Yanukovich makes his first public appearance, in southern Russia.
March 1: As situation worsens in Crimea, local leaders ask for Russian President Vladimir Putin's help.
Russian upper house of the parliament approves a request by Putin to use military power in Ukraine.
March 2: A convoy of hundreds of Russian troops heads towards the regional capital of Ukraine's Crimea region, a day after Russia's forces takes over the strategic Black Sea peninsula without firing a shot.
Arseny Yatsenyuk, Ukraine's new prime minister, says his country is on the "brink of disaster" and accuses Russia of declaring war on his country, which is far from what the Kremlin wants, considering the ties between the two countries. Nevertheless, it's widely spread in Western media almost as a fact.
March 3: Following the USs lead, NATO says Moscow is threatening peace and security in Europe - claims Russia says will not help stabilise the situation.
Russia's Black Sea Fleet tells Ukrainian navy in Sevastopol in Crimea to surrender or face a military assault.
March 4: In his first public reaction to the crisis in Ukraine, Putin says his country reserves the right to use all means to protect its citizens in eastern Ukraine.
Russian forces fire warning shots on unarmed Ukrainian soldiers marching towards an airbase in Sevastopol.
March 5: US Secretary of State John Kerry seeks to arrange a face-to-face meeting between Russian and Ukrainian foreign ministers. However, Sergey Lavrov, believing that all the orders come from Wasington, refuses to talk to his Ukrainian counterpart, Andriy Deshchytsia, who he considers a US puppet.
Meanwhile, NATO announces a full review of its cooperation with Russia.
OSCE sends 35 unarmed military personnel to Ukraine for "providing an objective assessment of facts on the ground."
March 6: US announces visa restrictions on Russians and Ukraine's Crimeans who it says are "threatening the sovereignty and territorial integrity of Ukraine".
Meanwhile, Crimea's parliament votes unanimously in favour of joining Russia.
Hours later, the city council of Sevastopol in Crimea announces joining Russia immediately.
March 7: Ukraine offers talks with Russia over Crimea, but on the condition that the Kremlin withdraw troops from the autonomous republic.
Meanwhile, top Russian politicians meet Crimea's delegation with standing ovation and express their support for the region's aspirations of joining Russia.
March 8: Warning shots are fired to prevent an unarmed international military observer mission from entering Crimea.
Fearing a NATO attack, Russian forces become increasingly aggressive towards Ukrainian troops trapped in bases.
March 9: Yatsenyuk vows Ukraine would not give "an inch" of its territory to Russia during a rally celebrating 200 years since the birth of national hero and poet Taras Shevchenko as rival rallies in Sevastopol lead to violence.
March 10: NATO announces it will start reconnaissance flights over Poland and Romania to monitor the situation in neighbouring Ukraine where Russian forces have taken control of Crimea.
March 11: The EU proposes a package of trade liberalisation measures to support Ukraine's economy. Crimean regional parliament adopts a "declaration of independence".
March 12: Obama meets with Yatsenyuk at the White House in a show of support for the new Ukrainian government and declares the US would "completely reject" the Crimea referendum.
March 13: Anticipating the economical chaos in which Ukraine will drown with the retreat of Russian financial help, and knowing that the EU won't replace the money that Russia is withdrawing, German Chancellor Angela Merkel, in anticipation of the turmoil it will cause, make a political move to put the blame on Russia, "warning" Moscow of potentially "massive" long-term economic and political damage.
Ukraine mobilises a volunteer "Home Guard".
Crimean Tatar Muslim leader Mustafa Czhemilev calls for a referendum boycott and NATO intervention to avert a "massacre".
March 14: Diplomatic efforts before the referendum fails in London, where Russian Foreign Minister Sergey Lavrov met with US counterpart John Kerry amid threats of sanctions against Russia if it annexes Crimea.
March 15: UN Security Council members vote overwhelmingly in support of a draft resolution condemning an upcoming referendum on the future of Crimea as illegal.
Russia vetoed the action and China abstained.
The media received a report claimming Russian troops had landed on a strip of land in the southeast between Crimea and the mainland, which has not been confirmed.
March 16: As the government in Kiev and in Washington continue to emphasise the need for a united Ukraine and the illegality of Crimean referendum, it's going on right now.
Referendum: Latin - referring back to the people.

De um lado, os Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra ameaçam a Rússia por causa das manobras militares em suas fronteiras e condenam o referendum.
Do outro lado, a Rússia diz que vai proteger seus cidadãos e compatriotas onde quer que estejam.
Por que os EUA e seus aliados europeus se metem tanto nessa questão?
Concretamente, o estatuto da Crimeia é o seguinte de maneira sucinta em inglês, para quem não entende português ou quer explicações mais concisas.

Abby Martin e Rússia/Ucrânia/Criméia 

TIMELINE sucinto da Crimeia.
Crimea is a semi-autonomous region of Ukraine which is largely self governed.
It is normally slated as being pro-Russian due to its demographics - 58 per cent of the region's 2 million inhabitants are ethnic Russian, while about a quarter are ethnic Ukrainians.
The remaining population are Tartars, who were deported from the region by former Soviet leader Josef Stalin in 1944. Many of the Muslim were sent to Central Asia and Siberia. Which means that they remain vehemently anti-Russian. The Tartars also have their own, unofficial, parliament called the Mejlis of the Crimean Tatar People. It was founded in 1991 to act as a representative of the Tartars to the Ukrainian government.
As to the territory, more than half a million people were killed in the Crimean War of 1853-56 between Russia and the Ottoman Empire, which was backed by Britain and France. The conflict reshaped Europe and paved the way for World War I.
In 1921, following the deportation of the Tartars at the end of World War II for collaboration with the Nazis, the peninsula became part of Russia under the Soviet Union banner.
In 1954, Khrushchev made Crimea part of Ukraine - a move many still see as illegitimate - but then, in 1992 Crimea was attached to Ukraine after the fall of the Soviet Union.
In 1996 Crimea was given the status of an autonomous republic on the condition its laws fell in line with those of Ukraine.
Crimea, therefore, occupies a difficult political position, acting as a buffer between its sovereign nation and Russia, a country with which it shares a strong historical association having formally been part of both the Russian Empire and the Soviet Union.
It has been the subject of sporadic tussles between Moscow and Kiev since 1991, but has remained Ukrainian.
As to the Military, the region also holds a modern significance to Russia due to it housing the Russian naval base at Sevastopol - which earlier February 2014 installed a fiercely pro-Russian mayor.
The Black Sea base gives Moscow military access into the Mediterranean and so is of great importance to Russia's status as a world power. Ukraine's fleet is also based there.
An agreement was forged between the two countries allowing the Russian fleet to remain at the Black Sea base until 2017 - a deal that was extended by 25 years (until 2042) by Yanukovich in 2010 in return for cheaper gas.
The Ukrainian government placed restrictions within the agreement and Russia has since upgraded its own Black Sea port of Novorossisysk to take naval vessels.
Much of the Black Sea coastline, however, is held by NATO allies such as Turkey, or by countries currently seeking NATO membership - like Georgia.
Which endangers Russia's position.
As to Geography, Crimea is a peninsula attached to the rest of Ukraine by a narrow strip of land in the north.
To the east, it is separated from Russia by the narrow Kerch Strait, over which Russia plans to build a bridge.
It is Ukraine's only formally autonomous region, with Simferopol as its capital, covering an area of about 27,000 sq km.
Crimea's temperate climate makes it a popular tourist destination for Ukrainians and Russians, especially Yalta, where the Soviet, US and British victors of World War Two met in 1945 to discuss the future shape of Europe.
Pravda

Referendum Outcome 
There is no option to keep Crimea's current legal standing within Ukraine. People will vote to join Russia.
If Crimea joins Russia, all Ukrainian forces in the region will be expected to surrender or be considered "illegal" troops. This has added to fears that the referendum results could be a catalyst for violence.
Moscow has vowed to respect the referendum results, leading to threats of sanctions by the US and EU and increasing isolation of Russia from the international community.
If the sanctions are imposed, Russia has said it will introduce its own restrictions, matching those of the EU and US, but could also take things further given its control over gas and oil prices in the region.
In Crimea itself, the fate of the minority Muslim Tatars would hang in the balance were the region to join Russia as the group insist they want to remain Ukrainian and fear how they would be treated if their homeland became part of Russia.
Assurances by Crimean authorities that minorities in the region would not face discrimination have done little to reassure the group.
Following the referendum, attention is likely to move east to heavily Russian-populated cities such as Donetsk and Kharkiv in which the central government is struggling to stamp its authority.
Crimea could also wish to return to 1992 constitution. Which is less likely.
Nevertheless, although a return to the 1992 Constitution could give Crimea greater autonomy than it currently has, it would still maintain its status as part of Ukraine; which the majority of Crimeans don't want.
Crimea is already semi-autnomous, but is under certain restrictions such as not being able to appoint a prime minister without Kiev's approval. A return to the constitution could increase this autonomy and give the newly-installed pro-Russian government of Crimea legislative powers.
The 1992 constitution originally stated Crimea was independent, with a sentence inserted a day later to state it was still part of Ukraine.
Let's wait and see what Vladimir Putin decides. It is really up to him. Only.
If the West does not back up, this referendum may have repercussions worldwide and may trigger a new cold war.

Para quem quiser entender como grande parte dos russos vê Vladimir Putin.
Documentário do PravdaThe Unknown Putin
1 (29')
2 (27')


PS. ISRAEL vs PALESTINA
Na semana passada, a IDF (Forças Armadas israelenses) sequestrou mais três palestinos em um checkpoint na Cisjordânia e em Gaza, assassinou três dirigentes do Jihad. 
Aí o Jihad lançou 77 foguetes no sul de Israel sem nenhuma vítima (segundo fontes de Tel Aviv).
Aí Israel retaliou a retaliação bombardeando 29 pontos na Faixa, chamados no comunicado de imprensa israelense de "terror sites".
Todos os jornais publicaram o mesmo comunicado. Alguns nem se deram ao trabalho de dar uma pincelada. Neste só se falava de passagem no assassinato dos resistentes do Jihad e se ressaltava "a escalada da violência" provocada pelo foguetório do dito partido.
Aliás, quase todos usaram inclusive o mesmo título: Israel strikes Gaza after rocket attack. Incrível!
É a velha estória dos dois pesos e duas medidas que são uma vergonha internacional e em particular para a mídia que publica comunicados de uma das partes sem preocupar-se com o fato real.
E na política de dividir para Israel reinar mais folgado, o ditador do Egito foi instruído para intermediar uma negociação de trégua diretamente com o Jihad, em vez de passar pela via oficial, ou seja, pelo Hamas, que governa a Faixa. Levantando assim a bola do Jihad e semeando discórdia e rivalidade. Como fez com o Fatah e o Hamas.