domingo, 29 de janeiro de 2012

Israel vs Palestina: História de um conflito V (1987-1991)


Oito de dezembro de 1987 foi o dia do Basta! 
Neste dia, um caminhão militar israelense colide com um carro local matando os quatro passageiros e ferindo mais sete palestinos.
A rádio divulga a informação como um "acidente" a mais, porém, a população de Jabalya, cansada dos atropelamentos "acidentais" impunes e suspeitando que o "acidente" seja uma retaliação pela morte de dois colonos judeus dois dias antes em Gaza, reage mal.
A tensão aumenta depressa e durante o funeral das vítimas, a população se revolta espontaneamente contra os soldados da IDF que ocupam seu campo de refugiados, na Faixa de Gaza.


Os soldados da IDF atiram na passeata,
mas suas balas não surtem o efeito calmante desejado,
muito pelo contrário.



O oficial em comando fica impressionado com a reação inesperada, pede reforços, o comandante do setor subestima o levante e diz "Não se preocupe. Ao anoitecer voltarão todos para casa e no dia seguinte a calma, como sempre, voltará a reinar."


Contra estes prognósticos, no dia seguinte a população não se acalma.
A maioria do homens não vai trabalhar, mas fica ativa, rebelada,
e os universitários percorrem as ruas de Gaza chamando à revolta.


Afim de impor sua superioridade militar à população desarmada, os soldados desfilam tanques e armas a fim de dissuadir os insurretos; são surpreendidos com uma chuva de pedras, com jovens que sobem em seus veículos militares e com coquetéis molotov que incendeiam um de seus artefatos bélicos.


Respondem à reação dos jovens com gás lacrimogênio e balas no ar,
até os reforços chegarem.


Subestimando o levante, no dia 10 de dezembro, Yitshak Rabin, então Ministro da Defesa, voa para Nova Iorque e deixa o noviço Yitzhak Shamir encarregado de lidar com o "probleminha" que acha ser restrito ao campo de refugiados de Jabalya e à cidade de Gaza.


Rabin descarta a preocupação dos estadunidenses com revolta grave nos Teritórios Ocupados.
Ele a julga improvável, e põe-se a fazer a que veio: comprar equipamento militar.

Quando vê, junto com o mundo, as imagens televisivas da dimensão do "acidente" e a quantidade de jovens mortos e feridos por seus soldados em poucas horas, opta pela pela saída de sempre.
Dá entrevista coletiva dizendo o que quer que acreditem. Nesse dia, que o Irã e a Síria, os dois maiores inimigos de Israel, estavam por trás daquilo que viam na telinha. Enquanto isso Shamir, em Tel Aviv, acusa a OLP de fomentar desordem. 

A desinformação vai contra a opinião de todos os especialistas dos Serviços de Informação ocidentais.
Estes argumentam que o levante é espontâneo, mas os dois isralenses não voltam atrás às acusações de ingerência externa e continuam a caçar com sofreguidão ainda mais intensa os membros da OLP.

Desconsideram o responsável imediato, o "acidente" de trânsito,
e o mediato, a política Iron Fist - Punho de Ferro,
que  desde 1985 vêm aplicando nos Territórios Ocupados.

O Iron Fist era uma política de estrangulamento moral e econômico.
Um modelo de integração econômica forçada e rápidas construções de invasões  em forma de colônias judias na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
O Ministro da Fazenda, Gad Ya'acobi, até admitiu que esta política era um "processo de anexação de facto".

"Fartos da ocupação, do roubo de terras, de água, dos abusos de poder e humilhações toda hora,
das regulamentações arbitrárias de acesso à mesquita e às igrejas, os adultos e nós crianças nem nos preocupamos mais com a potência bélica do ocupante e nos armamos com as pedras da nossa terra."
Conta um dos revoltados que tinha 13 anos na época.

De fato, segundo o Comitê de Segurança da ONU, vinte anos de ocupação militar, repressão e desapropiação de água, terra, lar, foram causas diretas do levante espontâneo chamado Intifada.

Palestinos de todas as idades e de todos os meios sociais, jovens, comerciantes, operários, mulheres, crianças, participaram das manifestações de massa, dos boicotes, das greves - sobretudo de impostos, em protesto à ocupação militar de suas terras e para exigir independência nacional.


A rebelião que Rabin começou achando "irrelevante" duraria seis anos.


Passa de Jabalya a Khan Younès, Bourej, Nuseirat até atingir toda
a Faixa de Gaza e concomitantemente, a Cisjordânia.


Assim começou a Intifada, palavra árabe que significa revolta
e que virou adjetivo de rebeldia contra injustiças mais ou menos oficializadas.

Ela foi caracterizada pela desobediência civil e manifestações contra a dominação do ocupante.

A desobediência civil foi praticada pelos adultos.
Fizeram greves e se recusaram a pagar os impostos exigidos por Israel
sem contrapartida de compensação econômica e representação política.


A resistência ativa à ocupação foi protagonizada pelos jovens.
Apedrejavam os tanques e bloqueavam ruas com barricadas para que os tanques não passassem.


As mulheres representaram papel importante nas cidades, 
por isto foram trinta por cento das vítimas que tombaram.

Jerusalém esteve em constante estado de sítio.
Todo cidadão palestino tinha o carro minuciosamente controlado,
era despido, revistado,
e 400 mil carteiras de identidade foram confiscadas.

Um dos mentores da resistência pacífica foi Moubarak Awad, um psicólogo que tinha aberto um Centro de Não-Violência em Jerusalém.
Ele criou e pôs em prática cerca de 120 métodos de ação que iam do boicote de cigarros e refrigerantes à recusa de pagamento de impostos, em uma cadeia de várias etapas que culminariam com a ruptura completa do sistema imposto nos Territórios Ocupados.

A reação de Tel Aviv à ameaça de perda de terreno e de renda fiscal levou à mudança recorde de leis e regras para que as novas atingissem os palestinos em massa e minassem a insurgência cívica.

Dentre elas, toques de recolher em todas as cidades da Faixa de Gaza e em 80% da Cirsjodânia; fechamento de todas as escolas, universidades e ONGs humanitárias; demolição de várias casas e prédios administrativos; expulsão de 140 supostos dirigentes da Intifada e outras medidas pontuais.

O já baixo padrão de vida dos palestinos, devido às restrições de cultivo e produção, caiu mais 40%. Água, eletricidade e telefone eram cortadas frequente e aleatóriamente; as estradas entre as cidades eram bloqueadas para os cidadãos não poderem locomover-se nem vender o fruto de seu trabalho e as licenças de exportação só eram renovadas para os que furavam a greve e concordavam em pagar os impostos que o conquistador cobrava.
Foi assim que Tel Aviv empurrou pais de família desesperados a colaborar com o Mossad. 

Durante a Intifada a IDF matou mais de mil palestinos e prendeu 120 mil. Cerca de 30 mil crianças abaixo de 10 anos foram feridas, em três anos.

Na Galileia, os palestinos residentes em Israel, sobreviventes da Naqba, acabam se solidarizando com seus compatriotas dos Territórios Ocupados.
Também fazem greves de consumo e fiscal, passeatas, coletas de fundos e de sangue para os feridos do outro lado da Linha Verde.
O Movimento vai crescendo e ganhando solidariedade da Esquerda israelense e de Nazaré inteira.
A maior cidade palestino-cristã da Galileia, começa a imprimir os panfletos enviados para a Cirjordânia e seus moradores oferecem contribuições financeiras à OLP e põem seus telefones à disposição do intercâmbio entre Jerusalém e Tunis, quando o Shin Beth (SNI isralense) corta as linhas telefônicas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Para estes palestinos a Intifada foi um marco em seu comportamento e em sua orientação política.

De fato, após 20 anos de ocupação militar brutal, a Intifada começou no dia 09 de dezembro de 1987. Foi o jeito dos palestinos dizerem Basta! De lembrarem os israelenses do que David Ben Gurion, o primeiro governante de Israel, disse em 1938:  "A people which fights against the usurpation of its land will not tire so easily."
primeiro ministro de
Além de terem sido despojados de sua terra natal e expulsos de seus lares em 1948 para ceder lugar aos imigrantes judeus que invadiam seu país, haviam sido desprezados e rejeitados pela 'comunidade internacional' como se não existissem.
Eram vítimas de um processo de colonização (arquitetado pelo barão de Rotchcshild e seus comparsas) no qual sua própria existência como povo era negada e seus direitos à auto-determinação foram usurpados.
O projeto sionista estava em andamento com o apoio de instituições e governos poderosos que minavam na base as resoluções das Nações Unidas que defendiam os direitos inalienáveis dos palestinos.
Israel já estava armado até os dentes e terminando sua bomba atômica, mas não contava com a determinação de um povo usurpado armado apenas de pedras e estilingues contra seus tanques, uzis e bulldozers.
Assim começou o que foi chamado "War of stones".
A causa da Primeira Intifada é atribuída à morte de quatro palestinos causada por um veículo israelense armado em um checkpoint na Faixa de Gaza e o assassinato posterior de Hatem Abu Sissi de 17 anos por um oficial da IDF durante uma passeata.
Contudo, estes atos de violência individuais e os que o precederam foram apenas a gota que fez derramar a água do copo do sofrimento impotente de 20 anos de ocupação. Foi uma demonstração unida de luta política pela auto-determinação.
Um geração inteira de palestinos só tinha conhecido a vida sob as botas do ocupante. Tinham crescido sendo tratados como seres inferiores prisioneiros em sua própria terra natal e explorados como mão-de-obra barata. Seus salários eram a metade do de um israelense que fazia o mesmo trabalho e pagavam mais imposto, dispunham de quase nenhuma seguridade de trabalho, de saúde e social. Muitos palestinos não obtinham carteira de trabalho e muitos dos que a tinham não conseguiam que suas carteiras fossem assinadas.
O que queriam era ficar livres da tirania israelense e viver normalmente, como nos outros países, e resistiam à força usada contra eles diariamente, individualmente.
Além da exploração e da humilhação quotidianas, viam suas terras serem confiscadas ilegalmente para serem dadas a imigrantes judeus com portes de arma, inclusive metralhadora, protegidos pelos soldados da IDF quando a usavam para aterrorizar os nativos.
Além disso, tudo o que se referia à Palestina era destruído, a palavra 'palestina' foi apagada dos livros escolares e todos os produtos locais foram remarcados como israelenses.
Literatura, arte, música e outras atividades que lembrassem consciência nacional eram atacados e universidades eram fechadas de maneira intermitente para perturbar o aprendizado dos universitários. A repressão da identidade cultural palestina teve o efeito contrário, de levar a um movimento clandestino de resistência que acabou sendo exprimido através da Intifada.
Israel tentou manipular os eventos inúmeras vezes para que uma "new leadership" suplantasse a OLP (Organização para Libertação da Palestina), em vão. O objetivo era limitar o controle palestino de seu próprio destino, após a revolta contra a artimanha da "Civil Administration" em 1976, contra os acordos de Campo David em 1979-80 e contra a sugerida confederação com a Jordânia.
No processo de controle, milhares de palestinos foram deportados no intuito de estrangular a resistência e em 1987 havia 4.700 prisioneiros políticos palestinos presos em Israel (200 mil haviam sido detidos durante períodos curtos ou longos desde 1967)  e os palestinos se davam conta que não tinham nenhuma instância imparcial que os escutasse justamente, sobretudo no tocante ao confisco de terra, água e colônias.
Sentindo sua identidade cultural com risco de ser aniquilada, não foi surpreendente que quisessem chacoalhar das costas o fardo da ocupação.
A primeira intifada foi a da desobediência civil em massa - boicote de produtos israeleneses, recusa de pagamento de imposto, estabelecimento de postos de saúde nacionais, organização de serviços sociais, greves, passeatas e confrontamento desarmado.
As táticas usada surpreenderam Israel e chamaram a atenção da comunidade internacional, até então alheia  e indiferente ao que se passava nos territórios palestinos ocupados.
As televisões captaram as imagens de meninos jogando pedras contra tanques e sem querer, derrubaram com estas imagens o mito que a hasbara israelense propagava - a fledgling Israel struggling to survive against the mighty Arab world. Suddenly, ou seja, um frágil Israel lutando para sobreviver em um mundo árabe inóspito e poderoso.
De repente, o mundo inteiro viu que a verdade era totalmente diferente: Israel, the most powerful military force in the Middle East, was facing down defenseless teenagers. Ou, seja, as forças armadas mais poderosas do Oriente Médio estavam combatendo adolescentes indefesos.
Até então, apesar das denúncias de Albert Einstein e hannah Arendt, Israel construíra através da hasbara uma imagem de vítima que nem os cadáveres palestinos que horripilaram o mundo em 1982 nos campos de refugiados de Sabra e Shatila no Líbano haviam mudado.
Quando a Intifada catapultou a luta dos palestinos aos holofotes da mídia, a imagem esquizofrência que Israel se dava de conquistador e vítima foi desmascarada por fotos de soldados atirando em meninos segurando pedras. A situação piorou quando o então ministro da defesa Yitshak Rabin (que acabou passando à história como bonzinho por causa da farsa de Oslo!)  ordenou aos oldados "to break the bones" dos jovens palestinos. Em quatro anos sua ordem foi cumprida à risca. Mais de mil rapazes foram assassinados e mais do triplo fora aleijada.
No exterior, o que marcou foram as pedras.
No interior, foram os panfletos. Como a Intifada não tinha líder, era este o meio de comunicação dos eventos. Shaul Mishal e Reuben Aharoni contam: “In the absence of an official and prominent local leadership, leaflets became a substitute leadership during the intifada. Their influence was felt everywhere as they informed the people of where to go and what to do and what had been achieved. Messages of upcoming strikes, boycotts and specific campaigns made the rounds and gave the people a sense of unity of purpose. This was also a time when symbolism became very important to the national movement and the Palestinian flag and its colors were incorporated even in clothing and embroidery. When so much else was restricted in their lives, the Palestinians had found novel ways to resist nonviolently, which had Israel searching for ways to respond."
Outros contam, "To quell the Intifada, Israel resorted to punishing the Palestinian population en masse. Ordinary civilians found themselves without freedom to pursue even the most routine daily activities. Curfews were ordered for weeks on end and thousands of Palestinians were arrested. With the closure of schools and universities, education effectively became illegal and teachers and students had to resort to “underground” classes. Homes were demolished without warning, olive trees and agricultural crops were destroyed, vital water supplies were redirected to Israel and then water usage restricted so severely, people had to queue with containers for hours to buy back their own water."
A outra estratégia dos ocupantes foi a deportação a fim de amputar famílias e separar a população que se unia pela primeira vez para dizer Não. Ze’ev Schiff e Ehud Ya’ari admitiram que “This was a sharp psychological turnabout for a public that had discovered what it could do — and how to exploit the enemy’s weaknesses.”
Pois é, não havia dúvida que o movimento deu aos palestinos a consciência de seu poder, apesar de saberem que pouco conseguiriam de sua rebelião. Sobretudo as mulheres, que criaram comitês de apoio aos homens nos bastidores. "While the stones were no match for Israel’s impressive arsenal", disse um oficial da IDF, "The essence of the intifada is not in the actual level of activity, but in the perception of the population … the sense of identity, direction and organization." A Intifada atraiu também a atenção da mídia internacional que até então só focalizava na resistência da OLP no exílio. O colega Thomas Friedman comentou então que “the presence of the foreign media really forced Israelis to look at the true brutality of their occupation.”  Enfim, até Israel encontrar meios menos visíveis, o projeto Israel e a hasbara, para dominar a opinião pública internacional e posar de vítima.

Enquanto isto, o Shin Bet aproveitava a zizania e a carência que se agravava nos Territórios Ocupados para distribuir propina aos pais de família incapacitados de alimentar os filhos para que dedo-durassem o que vissem para a repressão ser eficiente e mais dissuasiva.
Isto resultou na execução intra-comunitária de cerca de mil delatores.
Por outro lado, o Mossad (serviço secreto de Israel) continuava a agir em outras paragens.
Perseguiu os membros da OLP em todos os lugares, e em Tunis,  em abril de 1988, matou à queima-roupa, em casa, de madrugada, na frente da esposa e do filho, Abu Jihad, um dos líderes da OLP e seu responsável militar.
A notícia deste assassinato dito "preventivo" logo chegou à Cisjordânia revoltando ainda mais os insurgentes e os aproximando de Arafat.
A OLP engajou-se então quanto e como pôde na Intifada.
No final deste mesmo ano de 1988, na noite do dia 14 para 15 de novembro, na Argélia, Yasser Arafat foi eleito Presidente do Estado da Palestina pelo Conselho Nacional Palestino reunido em Alger e a OLP reconheceu de facto o Estado de Israel.
No dia 15, do outro lado do Jordão, o rei Houssein, temendo que a Intifada atravessasse o rio e conquistasse seus súditos, ainda mais depois da declaração de Ariel sharon que a Jordânia era o "lar nacional dos palestinos", tomou uma decisão que há anos adiava.
Nesse dia, o rei Houssein assinou o documento que transferia a Cisjordâni - que assim era chamada por ser considerada uma "extensão" da Jordânia - ao povo palestino e portanto, ao comando do seu recém "eleito" presidente, Yasser Arafat. 

No ano seguinte, em plena Intifada, Yasser Arafat retorna à Assembleia das Nações Unidas. Mas não a Nova Iorque, pois os Estados Unidos negaram-lhe visto de entrada, levando a ONU a realizar uma Assembleia extraordinária em Genebra.
As televisões do mundo inteiro mostravam os jovens palestinos mortos e feridos estendidos nas calçadas e a opinião pública internacional pedia contas a seus dirigentes nacionais, que por sua vez, como em 1974 após o Setembro Negro, achavam que dos males, a OLP era o menor e que era melhor ter um interlocutor com quem discutir e negociar do que não ter como aceder a um povo insurreto incontrolável.
Desde o discurso de Arafat em 1974 que a OLP - criada pelo presidente egípcio Nasser em 1964 e que Arafat preside desde 1969 - encarnava para o mundo a vontade de viver do povo palestino e Yasser Arafat - nascido em Jerusalém, presidente da União dos estudantes palestinos no Cairo e co-fundador do grupo de resistência Fatah - era reconhecido, contra o gosto de Tel Aviv, seu único representante legítimo.
Após o famoso discurso que gerou as Resoluções em que a ONU se solidarizava claramente com a causa palestina, não tinha havido nenhuma evolução concreta e Israel se mostrara mais preocupado em combater a OLP do que cumprir as leis internacionais.
Sob o pretexto que Arafat não havia reconhecido o Estado de Israel.
Em dezembro de 1988 este argumento foi esvaziado pela reformulação da Carta da OLP e do Fatah, e sobretudo das explícitas declarações conciliatórias de Yasser Arafat. Muitos resistentes discordaram do que consideraram uma abdicação a seus direitos integrais, como mostra o vídeo abaixo.


Arafat, que desde jovem era chamado de "ancião" como tratam os sábios, era um sonhador. Como todos os palestinos que carregam dia e noite a chave da casa que tiveram de abandonar na Naqba.
Só que Arafat era um sonhador pragmático.
Embora todos os palestinos devessem ter direito de viver em seu país, ele falou nos dois Estados sem abordar a questão controvertida da volta dos refugiados.
Sabia que Israel e os Estados Unidos jamais concordariam com o retorno dos cinco milhões de palestinos que deixariam Israel com uma população inferior ao vizinho do lado.
Então, contra a esperança dos milhões de concidadãos destituídos de lar e direitos básicos, deixou o assunto de lado.

Em junho no Kremlin, em longa conversa com Arafat, Mikhail Gorbatchev havia aconselhado o líder da OLP, como havia feito o presidente da Tunísia, Bourguiba, anteriormente, a reconhecer o Estado de Israel nas fronteiras legais.
Nas palavras de Gorbatchev, "os elementos indispensáveis para o estabelecimento da paz e da boa vizinhança no Oriente Médio são o direito dos Palestinos à autodeterminação e o reconhecimento do Estado de Israel e sua segurança."
Arafat escutou a mensagem e fez um discurso que lhe foi fiel do começo ao fim.
Com ênfase em sua vontade de estabelecer uma paz fundada no Direito Internacional, citando as Resoluções 181 (29 de novembro 1947, a Assembleia Geral aceita, apesar da oposição da Liga Árabe e dos palestinos, a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, no antigo protetorado britânico da Palestina, com Jerusalém sob mandato internacional),  242 (22 de novembro 1967, o Conselho de Segurança pede a retirada de Israel dos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias e "o reconhecimento da soberania, integridade territorial e independência política de todos os Estados da região e seu direito a viver em paz"),  338 (22 de outubro 1973, o Conselho de Segurança pede o cessar-fogo aos participantes da Guerra do Yom Kippur (quando Síria e Egito atacaram Israel) e o cumprimento da Resolução 242 do Conselho de Segurança) e rejeita toda forma de terrorismo.
Aproveitando a nova postura de Arafat, no dia 23, o papa João-Paulo II o recebe no Vaticano. Lá seu convidado demonstra devoção a "Nosso Senhor Jesus Cristo, palestino, já que nascido em Belém".
(Ao retornar à Palestina Arafat fará questão de assistir a todas as missas de Natal na Igreja da Natividade.)

Em 1990 é a vez do presidente francês François Mitterrand convidá-lo a Paris.
Com a condição de Arafat reafirmar publicamente que a OLP descartava sua Carta, em que afirmava que a luta armada era a única via de libertação da Palestina.
Sua vontade será satisfeita ao pé da letra.
No mesmo ano, Yasser Arafat encontra também Madre Thereza, com quem dialoga emocionado.   
Nesse ínterim, embora Ronald Reagan tivesse reconhecido em seu mandato a autoridade da OLP e de Arafat, o lobby sionista voltou a acumular sucessos, conseguindo convencer mais de sessenta senadores a enviar ao secretário de estado James Baker, então sob as ordens do novo presidente George Bush, uma carta se opondo ao Visto de entrada de Arafat para que retorne à ONU, em Nova Iorque.
O desmantelamento da União Soviética e da divisão de poder internacional tira logo a aura emergente da OLP e dá golpe duro em Yasser Arafat, enfraquecido com a Nova Ordem Mundial da supremacia absoluta dos EUA.
A proteção dos Territórios Ocupados que Arafat havia solicitado à ONU em Genebra jamais será efetivada.
E mais tarde ele seria alvo da fúria estadunidense e das monarquias petroleiras do Golfo por cometer um erro diplomático crasso condenando a Operação Desert Storm e declarando apoio ao povo iraquiano. Pagaria caro.
Mas o extremismo sionista tinha mais uma vez virado os holofotes para Jerusalém e na Europa a opinião pública estava dividida.
Em outubro de 1990, um grupo de judeus que se autodenominavam Temple Trustees - Protetores do Templo, haviam anunciado uma marcha em direção à Mesquita al-Aqsa, alegando que esta tinha de ser destruída para a cosntrução do terceiro templo hebraico.
Duzentos mil simpatizantes se dirigiram a Jerusalém e a IDF bloqueou as estradas de acesso dos palestinas à cidade, bloquearam a porta da mesquita e proibiram a entrada dos fiéis que lá estavam.
Estes foram atacados de helicópteros com gás lacrimogêneo e combatidos a bala.
Trinta e cinco minutos mais tarde, 33 corpos jaziam sem vida nos paralelepípedos e 850  pessoas estavam atingidas de ferimentos mais ou menos graves.

As instâncias internacionais se encontravam em um impasse.
O aperto era a indecisão entre aderir à aversão dos EUA e Israel aos direitos internacionais da Palestina e a necessidade de resolver o problema que viam como crucial nas boas relações com os países árabes e com sua própria opinião pública, chocada com a repressão da Intifada.
Neste estado de ânimo, em 1991, a Espanha se ofereceu para sediar uma conferência em sua capital, patrocinada oficialmente pels Estados Unidos, a fragmentada União Soviética e a Organização das Nações Unidas.
Mas oficiosamente, ficou logo claro que eram os EUA que davam as cartas.
George Bush chegou fortalecido por sua vitória no Iraque e Gorbatchev enfraquecido pelo tiro no pé que havia dado derrubando o Muro de Berlin, que aos olhos de Bush era uma derrota da União Soviética na Guerra Fria entre os dois países, desde o fim da Segunda Guerra.
E portanto, o perdedor seria incapaz de defender a causa que prezava.

Quanto a Yasser Arafat, fragilizado por sua aliança com o derrotado Iraque, preferiu não desperdiçar a oportunidade, mesmo Israel tendo conseguido conservá-lo longe dos debates.
Aliás, Israel aceitou a Conferência porque sabia que Yasser Arafat estava suficientemente fraco para ser aceito como "parceiro da paz".
Os convidados à Conferência de Madri foram Israel, Síria, Líbano, Jordânia e os palestinos eram representados por residentes de Cisjordânia, Gaza e Jordânia. Nenhum representante dos refugiados.
Yasser Arafat não ficou totalmente por fora. Durante a conferência, os delegados se comunicaram com ele por telefone.   
A Conferência se restringia a abrir diálogo entre as partes e os participantes não tinham nenhum poder de impor soluções ou assinar tratados.
Apenas inaugurar discussões bilaterais para negociações futuras.

O chefe da delegação palestina, Abdul Shafi,
cumprimentando a delegação israelense
O primeiro ministro de Israel Yitzhak Shamir bateu na tecla da expulsão dos judeus (sem mencionar a dos muçulmanos) da Espanha e do holocausto judeu;
os palestinos presentes reconheceram os pecados da Alemanha nazista mas perguntaram porque tinham de pagá-los, falaram no êxodo palestino de 1948 e 1967 e o sofrimento da ocupação;
os libaneses lembraram os 16 anos de guerra civil e as duas invasões da IDF; os sírios reivindicaram as colinas do Golan que os israelenses haviam capturado em 1967.
Os israelenses criticaram o não reconhecimento árabe da Resolução 181 de 1947 em que a ONU estabelecia a divisão da Palestina (sem que ninguém retrucasse que Israel foi bem além da fronteira pré-estabelecida).
Ficou claro que cada um queria defender sua causa, mas debater que é bom, nada.
Os israelenses queriam paz, mas queriam conservar muita parte da terra que cabia aos palestinos.
E para os palestinos a recuperação da terra que lhes cabia era condição sine qua non para a paz.
Shamir alterou-se e disse que abordar a questão "território" levaria rapidamente a um impasse, e no final das contas deixou a mesa por causa do sabbath - embora este possa ser quebrado se uma vida estiver em perigo; e no caso, eram milhares.
No final das contas, a Conferência de Paz foi mesmo uma descarga de dolências em que cada um despejou seus desejos e suas mágoas.
Abdul Shafi com seu vice, Saeb Erekat
Abdel Shafi, chefe da delegação palestina, foi o mais sóbrio e sábio.
O único que pareceu escutar os demais, além de defender sua causa sem exaltar-se.
(Aliás, foi graças a Shafi - médico criador do "Crescente Vermelho" na Faixa de Gaza- que Arafat conseguiu convencer todas as facções palestinas a concordarem em participar da Conferência. Ele era a única figura pública realmente respeitada por todos, devido à sua imparcialidade e à devoção aos palestinos como um todo.)
Em Madri defendeu a solução dos dois Estados e de israelenses e palestinos viverem lado a lado como parceiro iguais.
"Mutualidade e reciprocidade têm de substituir dominação e hostilidade."
Ele insistiu que qualquer acordo interino tinha de incluir o gelo das colônias. "O processo de colonização é incompatível com o processo de paz. A construção de colônias representam consolidação da ocupação enquanto que o processo de paz é o fim da ocupação." 
Shafi de volta a Jericó com a deputada Hanan Ashrawi,
após a Conferência
Acabou solicitando que os territórios palestinos, inclusive Jerusalém Oriental, fossem tratados do mesmo jeito e que um acordo interino fosse ligado a um estatuto específico final.
Foi mais ou menos ouvido, embora nada ficasse definido. Julgou que a Conferência em si tinha sido um começo para que o debate continuasse e chegasse a um Acordo de direito e de fato.


Um dos fatos marcantes da Conferência  foi a recusa de George Bush de comentar as Resoluções 242 e 338 da ONU.
Estas, como lembrei acima, exigem a retirada das forças armadas israelenses dos territórios palestinos ocupados em conflitos passados e o respeito da soberania, integridade territorial e independência política de todos os Estados da área e seus direitos de viver em paz em fronteiras seguras e determinadas.
Incrível que o homem que acabara de mandar meio milhão de soldados para forçar o Iraque a desocupar um pedaço do Koweit invadido há semanas, tivesse a "coragem" de no tocante às décadas de ocupação israelense da Palestina responder simplesmente:
"It's not my intention to go back to years of differences."

Mas como vox populi, vox Dei...
Apesar dos pesares, a Intifada despertou o mundo para a causa palestina, e em Israel, a população entendeu que não dormiria sossegada enquanto o Likud estivesse no governo.
Enquanto o lobby sionista sacudia Bill Clinton em Washington para atordoá-lo, os israelenses viam que para pôr fim à Intifada que os apavorava tinham de mudar de tática.
Então resolveram dar uma chance ao Partido Trabalhista e a seu candidato, Yitzhak Rabin. General cansado de guerra, tinha aprendido as lições dos erros de seu primeiro mandato, da Intifada, e começava a desejar negociar.
(Infelizmente, não com o senhor Abdel Shafi e com Yasser Arafat, mas só com Arafat, pois sabia que Shafi tinha a determinação inabalável da generosidade e além disto, estava por cima, não tinha nenhum passivo bélico e atraía simpatia de gregos e troianos.)

Rabin não era um santo. Era um militar pragmático.
A Intifada deve tê-lo lembrado da frase que David Ben Gurion pronunciou em 1938: Um povo que luta contra a usurpação de sua terra não se cansa facilmente.
Começaria então, em 1992, uma aproximação secreta entre os lados.
No início Shari fazia parte.
Depois seria descartado.
A discussão seria entre Rabin e Arafat, em reunião de cúpula na Escandinávia, um ano mais tarde.
Enquanto isto, o Hamas resistia à sua maneira aos tanques e aos caças, com atentados artesanais.

Documentário Al Jazeera: Stories from the Intifada
I
II

Facts sheet published by the Intitute for Middle East Understanding (IMEU), an independent non-profit organization that provides journalists with quick access to information about Palestine, as well as expert sources, both in the USA and in the Middle East. INTIFADA.

A Intifada na Faixa de Gaza 


Filme: Casamento na Galileia
De Michel Khleif
Conta a dificuldade de um palestino de Nazaré para conseguir autorização das autoridades israelenses para celebrar o casamento da filha segundo sua tradição





Filme : O casamento de Rana - Um dia comum em Jerusalém
De Hany Abu-Assad
Produção ítalo-palestina
Mostra os efeitos da ocupação através de uma estória de amor inusitada






Documentário : Crianças do Fogo (Aftal Jebel Nar)
De Mai Masri
Produção libanesa de 1990
Mostra a volta da cineasta palestina Mai Masri a Nablus, sua cidade natal, onde ela descobre uma nova geração de combatentes: as crianças da Intifada





"This is my homeland no one can kick me out."
Yasser Arafat

Reservistas da IDF, Forças israelenses de ocupação,
Shovrim Shtika - Breaking the Silence sobre a Intifada
 

Reservista da IDF Breaking the Silence


Global BdS Movement: http://www.bdsmovement.net/;
Lista de produtos das colônias a serem boicotados: http://peacenow.org.il/eng/content/boycott-list-products-settlements;
Lowkey: http://youtu.be/GO5Cay6GUkM.



domingo, 22 de janeiro de 2012

Boicote cidadão, ato cívico


Hoje me solidarizo com pessoas que estão menos em foco e perdendo batalhas.
Nesta semana o Knesset (Congresso de Israel) dignou-se a responder à liminar da Gush Shalom contra a lei que proibe, desde o ano passado, os cidadãos israelenses de boicotar os produtos oriundos das invasões judias no Vale do Jordão.
A Gush Shalom e as demais ONGs de Direitos Humanos locais consideram a lei uma violação de seu direito democrático e inalienável de expressão, e não baixam os braços; embora a lei seja uma espada que paira sobre a cabeça dos pacifistas, a fim de intimidá-los e dissuadi-los de lutar pelos princípios nos quais acreditam. Ela dá aos colonos e a seus cúmplices o poder de golpear um ativista a qualquer hora e por qualquer motivo.
Na França, todos os tribunais que julgaram os processos feitos contra o boicote de Israel foram unânimes no veredito, até agora.
Eis os argumentos de alguns destes juizes contra a acusação feita por lobistas israelenses de que o "boicote é um crime porque indica discriminação contra a nação israelense e incita ódio racial".
"A infração de provocação à discriminação calcada no pertencer a uma Nação,(no caso do boicote) é infundada, pois o chamado ao boicote dos produtos israelenses é formulado por cidadãos com motivos políticos que se inscrevem no quadro de um debate político relativo ao conflito israelo-palestino, debate sobre um assunto de interesse comum de âmbito internacional."
A lei francesa destinada a lutar contra toda forma de racismo não se adequa à probição do boicote porque este convida a uma forma de objeção de consciência que o cidadão pode aceitar ou não; o chamado ao boicote é lançado por organizações não governamentais sem nenhuma prerrogativa da obrigação do poder público.
A crítica de um Estado ou de sua política não pode ser considerada um atentado aos direitos ou à dignidade dos cidadãos do país visado. Se fosse, afetaria gravemente a liberdade de expressão em um mundo globalizado cuja sociedade civil é participante ativa.
O 'delito de ofensa ao Estado estrangeiro' não faz parte de nenhum código do Direito positivo e do Direito Internacional, pois tal artigo seria contrário à liberdade de exprimir opinião..."
Verifique o código-barra nas embalagens suspeitas
As de Israel, geralmente começam por  7 29 e 8 71
O juiz concluiu seu parecer citando vários outros processos correlatos infrutíferos, "pois não há como acusar o exercício do boicote de 'provocação à discriminação, à violência ou ao ódio em relação a um grupo de pessoas por pertencerem à nação israelense', já que inclusive certos setores da opinião pública desse país apoiam as chamadas do BDS. A confrontação de pontos de vista mostra que a chamada pacífica e sem obrigação ao boicote dos produtos israelenses é indissociável do debate de opinião suscitado por uma preocupação mundial de resolver um conflito endêmico que dura mais de 60 anos." 
Portanto, como o próprio Direito diz que boicote não é crime e sim direito cívico, hoje vai uma mensagem aos pacifistas israelenses que nos países democráticos em que o Direito se aplica, o boicote cidadão continua na ativa e exercendo o direito que lhes é proibido.
Segurem as pontas, não estão sozinhos.
     
"Quem infringe a Lei Internacional pode ser juiz da Corte Suprema?
O juiz Noam Solberg é colono nos Territórios Ocupados. Se isto for kosher - O que não é?"
Publicado no jornal israelense Haaretz do dia 13.
Uma tentativa a mais de acordar seus concidadãos para a rápida deriva de Israel para a extrema-direita que flerta com o autoritarismo.
A situação lá está ficando cada vez mais difícil para os pacifistas e os democratas convíctos.
Os sectários fundamentalo-expansionistas vêm ganhando terreno e assustam os democratas.
Abaixo segue um exemplo.


Benny Katzover é um dos fundadores e maiores líderes dos colonos judeus na Cisjordânia.
Após a Guerra dos Seis Dias e a ocupação militar subsequente, ele foi um dos primeiros a instalar-se nas invasões em 1970 e ajudou na criação de Elon Moreh, a invasão em que reside desde 1980, com uma bela vista das colinas da Cisjordânia.
Como seus cúmplices que ocupam postos de chefia no Movimento dos invasores, ele é conselheiro informal de várias pessoas que dão as cartas em Tel Aviv.
Preside o Comitê de colonos da Samaria, um grupo que tenta (e consegue) bloquear as tentativas governamentais de derrubar cerca de 100 invasões que o próprio governo considera ilegais, além de opor-se a qualquer negociação com os palestinos para o reconhecimento dos dois Estados.
Um homem desses não mereceria aqui nenhuma linha. Porém, há pouco Katzover abriu o jogo, tirou a máscara e declarou publicamente sua campanha para destruir a democracia israelense e substitui-la por uma ditadura nacionalista judia, teocrática e racista.
Como o Partido Nacionalista de Adolf Hitler.
As leis antidemocráticas que o Knesset (Congresso israelense) vem aprovando desde 2010, começando pela Lei anti-boicote até a recente abordada acima.  Este indivíduo se sente tão à vontade neste novo Israel em que a extrema-direita vigora, que afirmou em alto e bom som que 'Pelo país inteiro proliferam estas ideias que esta democracia, se não for desmantelada, precisa no mínimo de mudanças dramáticas."
Adam Keller, porta-voz da ONG de Direitos Humanos Gush Shalom, herdeira dos ideais do ICIPP na década de 70 (http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6317608786765905828#editor/target=post;postID=4394160414850520761), não deixou por menos: "Na verdade, é impossível continuar evitando a decisão. Ou a ditadura que os militares e os colonos impõem na Cirjordânia penetrarão todos os segmentos da sociedade, eliminando o que sobrou de democracia em Israel e consequentemente pondo fim ao próprio Israel, ou as forças sãs da sociedade israelense se unirão na última hora para pôr fim à ocupação e às invasões, manter e reforçar a democracia e conseguir fazer paz entre Israel, os Palestinos e o Mundo Árabe.
Não pode ter nenhuma ponte e nenhum compromisso entre estas duas escolhas."

Faz meses que venho publicando a lista de empresas israelenses que ocupam o Vale do Jordão se apoderando das riquezas naturais palestinas para se enriquecerem à custa da miséria que fomentam na Cisjordânia.
Abaixo segue uma carta aberta de dois grandes cineastas, Ken Loach e Mike Leigh, e cientistas ingleses contra um dos maiores predadores do Mar Morto: AHAVA, DEAD SEAhttp://www.stolenbeauty.org/.
Publicada na Inglaterra no dia 17 deste.

"It is extraordinary, but true, that one of our great national museums is co-ordinating an activity that breaks international law. That museum is the Natural History Museum, which is collaborating in research with an Israeli commercial firm located in an illegal settlement in the Palestinian West Bank.
he firm is Ahava/Dead Sea Laboratories, whose business is manufacturing cosmetics out of mud, which it excavates from the banks of the Dead Sea. Ahava/DSL is located at Mitzpe Shalem, a settlement 10km beyond the Green Line. The collaboration with the Museum is through an EU-funded project called Nanoretox, in which Kings College London, Imperial College and a number of foreign institutions are also involved. The museum is the coordinating partner for this project.
Ahava/DSL is based on occupied territory. It extracts, processes and exports Palestinian resources to generate profits that fund an illegal settlement. Israel's settlement project has been held by the International Court of Justice to break international law. Organisations which aid and abet this process may well themselves be found to be in violation. We find it almost inconceivable that a national institution of the status of the Natural History Museum should have put itself in this position.
We call on the museum to take immediate steps to terminate its involvement in Nanoretox and to establish safeguards that protect against any comparable entanglement.
Professor Sir Patrick Bateson FRS, University of Cambridge
Professor Malcolm Levitt FRS, University of Southampton
Professor Tim Shallice FRS, SISSA, Trieste
Mike Leigh
Ken Loach
Jonathan Miller
Victoria Brittain
Baroness Tonge
Dr Gillian Yudkin
Professor Laurence Dreyfus FBA, University of Oxford
Professor Jacqueline Rose FBA, Queen Mary University of London

Professor Jonathan Rosenhead, London School of Economics
Professor John Armitage, University of Bristol
Professor Haim Bresheeth, University of East London
Professor Barry Fuller, University College London
Professor Colin Green, University College, London
Dr Ghada Karmi, University of Exeter
Professor Adah Kay, City University
Professor David Pegg, University of York
Professor Steven Rose, Open University
Professor Lynne Segal, Birkbeck College

Ken Loach e Mike Leigh já haviam tomado a defesa de músicos da Filarmônica de Londres há alguns meses. No dia 22 de setembro de 2011, junto com os atores James Purefoy e Samuel West, enviaram à imprensa a carta abaixo assinada por outras personalidades.
"We are shocked to hear of the suspension of four members of the London Philharmonic Orchestra for adding their signatures to a letter calling for the BBC to cancel a concert by the Israel Philharmonic Orchestra.
According to a statement from LPO managers, quoted in the Jewish Chronicle ("UK musicians suspended over Israel Proms row,” 13-9-11) the action was taken because the musicians included their affiliation to the orchestra with their signatures (a convention which is common practice within the academic world, for example).
One does not have to share the musicians’ support for the campaign for boycotting Israeli institutions to feel a grave concern about the bigger issue at stake for artists and others.
There is a clear link being forcibly created here between personal conscience and employment, which we must all resist. A healthy civil society is founded on the ability of all to express non-violent and non- prejudiced opinions, freely and openly, without fear of financial or professional retribution.
Why should it be so dangerous for artists to speak out on the issue of Israel/Palestine? We are dismayed at the precedent set by this harsh punishment, and we strongly urge the LPO to reconsider its decision. "
Patrocinador da Maratona de Jerusalém 2012



Richard Barrett, composer
Sir Geoffrey Bindman QC, solicitor
Howard Brenton, playwright
Caryl Churchill, playwright
Siobhan Davies CBE, choreographer
John Harte co-director, Choir of London
Philip Hensher, novelist
A.L. Kennedy, author
Ken Loach, film director
Miriam Margolyes, actor
Simon McBurney OBE actor, writer, director
Mike Leigh, playwright and film director
Steve Martland, composer
Annette Moreau, Founder Arts Council Contemporary Music Network
Cornelia Parker, OBE artist
Prof. Jacqueline Rose, Queen Mary University, London
Michael Rosen, writer
Alexei Sayle, writer and comedian
Kamila Shamsie, writer
Mark Wallinger, artist
Dame Harriet Walter DBE, actress
Benjamin Zephaniah, author and performer
Kirsty Alexander, artist and teacher

Yasmin Alibhai-Brown, writer and broadcaster
Michael Attenborough, theatre director
Prof. Mona Baker, University of Manchester
Derek Ball, composer
Chris Bluemel, pianist
Richard Black, pianist
Ian Bournartist, filmmaker
Prof. HaimBresheeth, University of East London
Victoria Brittain, author and journalist
Michael Carlin, production designer
Jonathan Chadwick, theatre maker
Prof. Michael Chanan, University of Roehampton
Sacha Craddock, curator
Andy Cowton, composer
Raymond Deane, composer
Ivor Dembina, comedian
Dr Kay Dickinson, Goldsmiths College, University of London
Dr Hugh Dunkerley, writer University of Chichester   
A multinacional francesa de coleta e tratamento de lixo
acabou de perder um contrato de 485 milhões de libras em Londres,
por pressão dos ativistas ingleses do BDS

Tony Dowmunt filmmaker, Goldsmiths College, University of London
Patrick Duval, cinematographer
Gareth Evans, writer and curator
Moris Farhi, MBE writer
Dr Naomi Foyle, poet and writer
Jane Frere artist, theatre designer
Carol-Anne Grainger, soprano
Tony Graham, theatre director
Lee Hall, playwright.
Michelle Hanson, columnist
Laura Hastings-Smith, film producer
Dr Wallace Heim, writer
John Hegley, poet
Matthew Herbert, composer
Prof. Susan Himmelweit
Mary Hoffman, writer
Dr Fergus Johnston, composer
Ann Jungmana, author
Reem Kelani, musician
Judith Kazantzis, poet and writer
Conor Kelly, artist
Anthea Kennedy, filmmaker
Aleksander Kolkowski, musician 
Dr AdamKossoff, artist/filmmaker
Malcolm Le Grice, artist, Emeritus Professor, University of the Arts, London
Prof. Yosefa Loshitzky
Jamie McCarthy, musician and lecturer
Dr Carole McKenzie FRSA
Ewan McLennan, folk musician
Jeff McMillan, artist
Helen Legg, curator
China Mcville, novelist
Lowkey, musician
Roger Mitchell, film and theatre director
Jenny Morgan, film director
Carol Morley, film director




Alan Morrison, writer
Paul Morrison, film director
Ian Pace, concert pianist
Sam Paechter, composer
Miranda Pennell, filmmaker
Jeremy Peyton Jones, composer
Henry Porter, novelist and commentator
James Purefoy, actor
Laure Prouvost, artist
William Raban, filmmaker, reader at University of the Arts London

A.L.Rees, writer
Lynne Reid Banks, writer
Frances Rifkin, theatre director, Utopia Arts
Leon Rosselson, singer songwriter
Martin Rowson, cartoonist
Dr Khadiga Safwat, writer
Sukhdev Sandhu, writer and historian
Dominic Saunders, pianist
Guy Sherwin, artist
Kevin Smith, art activist, PLATFORM
Prof. John Smith, filmmaker University of East London
Anne Solomon, violinist
Ahdaf Soueif, writer

Helen Statman, performer
Michael Stevens, co-director, Choir of London
Susannah Stone, picture researcher
Trevor Stuart, performer
Ingrid Swenson, director PEER
Alia Syed, artist
Jennet Thomas, artist, senior lecturer, University of the Arts
MirandaTufnell, dance artist
Prof. David Turner
Francesca Viceconti, artist

Michelene Wandor, writer
David Ward, composer
Samuel West, actor and director
Ian Wiblin, photographer
Andrew Wilson, curator
Eliza Wyatt, playwright
RobinYassin-Kassab, novelist

Lista de empresas a boicotar, começando pelas abaixo
Ahava, Soda Stream e Hewlett Packard   
MARKS & SPENSER: roupas Delta Galil e alguns produtos alimentícios



Documentário: The Land of the Settlers
Do jornalista israelense Chaim Yavin
O popularíssimo âncora da televisão israelense, sem nenhuma ideologia ou tendência dom quixotesca, resolveu pegar uma câmera e ir ver com os próprios olhos o que acontecia na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
Passou dois anos e meio entrevistando ocupados, ocupantes e filmando flagrantes.
Em 2005 apresentou em imagens e em uma voz off que acompanha em tempo real sua filmagem de câmera na mão, sozinho, e terminou a experiência com uma conclusão simples: "Se quisermos paz, temos de desmantelar as colônias."
O documentário já está legendado em inglês e dando a volta por algumas sinagogas liberais dos Estados Unidos, provocando um choque com o inferno no qual os invasores transformaram o quotidiano dos palestinos.

Filme: Intervenção Divina; de Elia Suleiman
Produção franco-germano-palestina
Tragi-comédia de um casal de namorados palestinos que moram em cidades separadas.
No caso, Jerusalém e Ramallah

Filme : Ventos da Liberdade;  Direção de Ken Loach, enredo de Paul Laverty
O título original The Wind that Shakes the Barley é tirado do poema do irlandês Robert Dwyer Joyce (1830-1883): "But blood for blood without remorse //I've taken at Oulart Hollow // And laid my true love's clay-cold corpse //Where I full soon may follow //As 'round her grave I wander drear //Noon, night and morning early // With breaking heart when e'er I hear //The wind that shakes the barley", sobre um jovem que adere à rebelião irlandesa de 1798 (contra a ocupação britânica) após o assassinato da namorada.
Durante a projeção do filme em Ramallah no ano passado, em presença de Ken Loach e sua equipe, uma voz emergiu no escuro da sala: "É exatamente como o Hamas e o Fatah," traçando um paralelo entre as divisões internas dos republicanos à das famílias e facções palestinas.
No fim da projeção, Ken Loach disse aos expectadores emocionados: "A lição da experiência irlandesa é que a desunião leva à sua perda."
E fechou o debate com um apelo aos estrangeiros: "Não é hora de calar-se, de fazer jornalismo e filmes que ignoram a realidade. É de justiça que se precisa aqui," chamando em seguida à adesão ao movimento global de boicote a Israel, "a fim de que este país vire um pária na comunidade internacional."
Como a África do Sul da época do apartheid.

APOIAR
No supermercado e no verdureiro, procurar ou pedir ZAYTOUN, marca de produção e comércio sustentável com a Cisjordânia.
Ou encomendar no site: http://www.zaytoun.org/products/catalogue/
O azeite deles é de primeiríssima qualidade.



"The greatest enemy of knowledge is not ignorance... it is the illusion of knowledge."
Stephen Hawking


Boicote

Global BdS Movement: http://www.bdsmovement.net/;
Stop the Wall: http://www.stopthewall.org/
Lista de produtos a serem boicotados: http://peacenow.org.il/eng/content/boycott-list-products-settlements;
Lowkey: http://youtu.be/GO5Cay6GUkM.
Checkpoint